Sonho de retorno à Europa vira pesadelo sem fim para artilheiro da Copa Itatiaia

Henrique André - Hoje em Dia
04/04/2015 às 10:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:30
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Acostumado com as adversidades do mundo da bola, o atacante Jonathan Reis segue driblando adversários indigestos no futebol. Após superar o vício em drogas (maconha e cocaína) e de seguir na luta para se recuperar 100% de uma lesão grave no joelho, o mineiro, que já disputou a Champions League, agora tem como maior rival o próprio representante.

Ezequia de Oliveira, empresário ligado ao Castelo, do Espírito Santo, se ofereceu para levar o atleta de volta à Europa, lhe fez muitas promessas, mas nos últimos meses se tornou um pesadelo na vida de Reis.

Acusado pelo jogador de falsificação de documentos e de não cumprir com o acordado, Oliveira se recusa a liberar o passe do cliente, que se diz insatisfeito e indignado com a situação. "Ele me pediu para assinar um documento, mas em momento algum disse que seria uma assinatura de contrato. Ele garantiu que serviria para que eu voltasse a me profissionalizar, já que estava atuando no futebol amador", conta Jonathan. "Confesso que fui inocente e acreditei na palavra dele. Eu vi o documento e, como não havíamos combinado nenhum tipo de valor, assinei na boa fé", acrescenta. O atleta, 25 anos, atuou pelo modesto Brumadinho, na Copa Itatiaia, da qual foi o artilheiro, com 9 gols.

No documento citado e mostrado à reportagem de Hoje em Dia, por Reis, consta a assinatura de um contrato de dois anos com o clube capixaba, no qual o empresário costuma inscrever os atletas com quem firma parceria. O Castelo, inclusive, tem como presidente Jorge Santos, pai do meia Cícero, atualmente no Al Gharafa, do Catar. No entanto, Jonathan garante que a via em questão não fora assinada por ele. "O único papel que assinei não tinha nada referente à contrato. Pedi à Federação Capixaba de Futebol o documento que eles possuem e me surpreendi quando vi a minha assinatura. Não assinei estes documentos", revela em tom de espanto e fúria o atacante. No contrato registrado na Federação, além do vínculo de 24 meses, constava um salário irrisório de R$ 800 mensais e uma multa de R$ 1 milhão.

Procurado pela reportagem até o fim desta edição, Ezequia de Oliveira não foi encontrado para se posicionar. Inclusive, um recado foi deixado na caixa postal e não houve retorno.

Veja o documento original, assinado por Jonathan:

 

 

 

Documentos que estão na Federação Capixaba de Futebol:

 

 

 

 

 


Aventuras no exterior e retornos ao Brasil


Cobiçado após uma excelente atuação na Copa Itatiaia, Jonathan deixou o Brumadinho antes mesmo da equipe levantar o caneco. Com viagem marcada para o Cazaquistão, onde assinaria um contrato, ele foi surpreendido quando uma outra proposta, vinda da Tunísia, foi aceita pelo empresário. "Ele tem o olho grande. Recusou a proposta do Cazaquistão e me levou para o Esperance, da Tunísia", conta o jogador. "Na Tunísia não deu certo, porque eles não confiaram que eu estava recuperado da lesão no joelho", completa.


De volta ao Brasil, Jonathan tentou assinar contrato com o Minas Boca, de Sete Lagoas, onde disputaria o módulo II do Campeonato Mineiro. Contudo, descobriu que estava com o nome no Boletim Informativo Diário da Confederação Brasileira de Futebol (BID), registrado no Castelo, e, por isso, não poderia atuar pelo time mineiro.

 

Jonathan Reis ao lado do venezuelano Hermes e do argentino Vitor na Tailândia

 

Buscando se livrar do vínculo com Ezequias, Reis partiu para a Tailândia, onde ganharia aproximadamente US$ 15 mil. Outra vez sem sucesso. "O clube (Bec Tero Sasana, de Bangkok) não quis dar o que ele pediu. Ele não quis me liberar. Exigiu uma negociação por empréstimo e pediu alto", conta o jogador, que já juntou as provas para acionar o empresário na justiça. Jonathan ainda revela que Ezequia exigiu ficar com 100% dos direitos de imagem e luvas, que seriam pagos pelo clube. "Se eu soubesse que ele faria isso comigo e que queria levar vantagem, jamais teria assinado nada", lamenta o atacante com passagens por PSV e Vitesse, da Holanda.

 

Reis desembarcou no Brasil na última sexta-feira e agora concentra as energias para uma batalha judicial contra Ezequia. "Quero que esta minha experiência negativa também sirva como alerta para outros atletas. Espero que ninguém mais caia neste tipo de golpe", comenta.

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