O esporte olímpico no Brasil sempre dependeu mais do esforço individual e de pequenos grupos do que propriamente de uma política de Estado ou ajuda governamental. Por isso, as conquistas, quando acontecem, se revestem de relevância, por conta da superação das dificuldades. Foi assim com a corredora Sueli Pereira Silva, que abraçou o atletismo após criar os filhos e largar o trabalho de doméstica, em Jataí (GO), aos 23 anos.   Aos 37 anos, seis deles como atleta profissional, Sueli começa a colher os frutos do esforço, obtendo o índice olímpico. Ela conseguiu o feito ao terminar a Maratona Internacional de Santiago do Chile, no último domingo, no sexto lugar geral feminino, com o tempo de 2h39min36.   “Agora vou me preparar para correr as Olimpíadas e buscar melhorar ainda mais esse tempo”, diz Sueli, atleta da equipe de atletismo do Cruzeiro.   A corredora pretende disputar ainda neste ano o Mundial de Atletismo, em Julho, na China, além do Pan-Americano, em agosto, no Canadá. Por conta da proximidade das competições é possível que a Confederação Brasileira de Atletismo (CBTA) escolha uma das competições para que ela possa competir.   Para chegar a condição de disputar a Rio-2016, Sueli teve que “ralar” muito. “Quando comecei a correr eram muitas dificuldades. O nível era mais forte, ainda não estava preparada. Mas, com o tempo, fui melhorando, atingindo boas marcas”, lembra Sueli.   Enquanto atletas, ela conta também com a ajuda do marido Ronaldo Quirino, seu primeiro treinador e incentivador, que também auxilia o técnico Alexandre Minardi, responsável pelo atletismo do Cruzeiro. Segundo a atleta, o marido, que é pintor, chegou a desembolsar cerca de R$ 3 mil para ajudá-la na compra de alimentos e material para treinos e competições.   Patrocínio celeste   Depois do período de “vacas magras”, a corredora passou a se destacar nas provas até chamar a atenção do atletismo cruzeirense. Conforme Minardi, o convite surgiu há três anos, após Sueli ter se destacado na prova de Cross Country de São Carlos (SP. “A gente a acompanhava e percebia seus bons resultados. Então decidimos convidá-la”, frisa.   Sueli conta que, a partir de então as coisas se tornaram menos complicadas. Segundo ela, o Cruzeiro arca com custos da compra do material, além de uma ajuda de custo, cujo valor prefere não revelar.   Filhos seguem caminhos de corredora e se dedicam ao esporte   A paixão e dedicação de Sueli Pereira Silva ao atletismo contagiou outros integrantes da família. Dois de seus três filhos – Ronald (19 anos) e Ronan (16 anos) – também optaram por seguir a carreira da mãe. Marcos, 17 anos, se dedica aos estudos.   A situação deixa Sueli “envaidecida”. A corretora destaca ainda que a relação dela com os filhos e o esporte ultrapassa fronteiras.   “Além da prática de esporte ser muito boa e importante para os jovens, em algumas provas eles viajam comigo e até me ajudam nos treinamentos”, explica a maratonista.   Ronald   Ronald corre pelo Cruzeiro. Na prova do Pedestre Senhor Bom Jesus, de Cuiába (MT), o jovem terminou na quarta posição, com o tempo de 31 min45. O percurso de 8 quilômetros foi disputado por cinco mil atletas de todo o país. Já o caçula Ronan segue os primeiros passos do atletismo.   Sueli conta que preferiu continuar morando em Jataí (GO) com a família, e onde também se prepara as provas. Se tudo certo, a atleta pretende, durante a preparação para a Rio-2016, treinar na altitude da Colômbia.

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