Surfista brasileiro faz história e bate o recorde mundial em ondas gigantes

Estadão Conteúdo
13/05/2018 às 07:37.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:48
 (Manuel Ricardo/Divulgação)

(Manuel Ricardo/Divulgação)

Para Rodrigo Koxa, o tamanho da onda é medido em paixão. É isso que faz ele entrar em um mar gigante, correr riscos e encarar "montanhas" de água. "Pela primeira vez na vida eu tenho uma onda medida de forma oficial. É uma conquista. Estou vivendo um sonho agora. Bati muitas vezes na trave. Sei o quanto é difícil conseguir um feito desses", diz o surfista, que entrou no "Guinness Book" (Livro dos Recordes) com a maior onda surfada na história, com 24,4 metros.

Olhando para a imagem, Rodrigo Koxa aparece tão pequenininho naquele mar de Nazaré, em Portugal, que pode-se supor que o tamanho do feito seja maior ainda. Mas isso pouco importa para esse surfista de 38 anos, que nasceu em Jundiaí (SP) e cresceu perto da praia no Guarujá (SP). O mais importante foi o processo de superação que ele vivenciou antes de superar o recorde do norte-americano Garrett McNamara, que vinha desde 2011.

Em 2014, ele passou um grande sufoco em Nazaré justamente onde anos mais tarde viria pegar a onda da sua vida. "Peguei a onda, meu parceiro não me acompanhou na moto aquática e me senti abandonado. A onda me pegou e eu parecia uma meia em uma máquina de lavar roupa. Tomei três ondas gigantes na cabeça e fiquei bem próximo das pedras. Aí que veio meu trauma. Vi a morte de perto, mas me salvei", contou.

Ele voltou para o Brasil com o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático. Tinha pesadelos frequentes com as pedras que poderiam ter abreviado sua carreira no penhasco que fica de frente para o principal pico de ondas grandes em Nazaré. "Vivi uma fase de declínio, comecei a ficar com medo, não quis ir para o Havaí, estava bastante abalado".

Em 2016, ele trabalhou muito forte o lado emocional para tentar retomar sua carreira. Ao mesmo tempo, ainda tinha dúvidas sobre os caminhos a seguir e chegou até a fazer o Enem. "Estava tentando me reinventar", explicou, lembrando que trancou cursos universitários que iniciou: jornalismo, turismo, educação física e marketing.

No ano passado, Rodrigo Koxa se sentiu mais forte e foi ganhando confiança. "Eu fiz um 'coaching' e me coloquei um prazo de bater o recorde em dois anos. O interessante foi que em dois meses eu peguei a onda", revelou o surfista. "Eu devo muito aos meus pais. Minha mãe é psicóloga e ela sempre quis ver o sonho realizado. Ela investiu e acreditou que eu pudesse ser o que quisesse. No começo a família questionava minha mãe, mas a gente sempre conversou e eu tinha o sonho de ser um surfista de ondas grandes".

Um dos trunfos utilizados por Rodrigo Koxa em Nazaré foi o trabalho em equipe, que ele aprendeu com Garrett McNamara. Para entrar com o mar grande no litoral português, ele contou com Sergio Cosme como piloto principal em uma moto aquática, além de outros três de apoio, todos com atletas experientes com rádios amarrados nos braços para a comunicação coletiva. "Sem contar o Lino Bogalho, que ficou em cima do farol com uma visão privilegiada panorâmica apontando onde estavam vindo as maiores ondas", disse.

Em alta, o atleta agora quer colher o frutos do recorde. Ele tem patrocínio da Blams e, no período de crise, criou a sua marca, a Koxa Bomb, e vendia essas roupas para amigos e pessoas próximas. "Espero em breve ter novidades, com empresas que abracem esse sonho", concluiu.

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