Terceirona do Campeonato Mineiro: a dura realidade do futebol

Alberto Ribeiro - Do Hoje em Dia
21/09/2012 às 09:21.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:28
 (Andre Brant/Hoje em Dia)

(Andre Brant/Hoje em Dia)

A pelada entre amigos é uma tradição brasileira. E tem como marca, ao final, a famosa “vaquinha”, ou seja, recolher as contribuições para pagar a diversão.

Na Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, que na verdade é a Terceirona, o cenário não é muito diferente. Pouca gente sabe que ela está acontecendo e quase ninguém vai aos jogos.

Com pouco público e baixas arrecadações, a competição tem uma marca que mais parece um recorde: todas as 48 partidas já disputadas tiveram renda líquida negativa. O prejuízo acumulado pelos 16 clubes é de R$ 132 mil.

Encarar a Segunda Divisão é uma aventura, que a cada temporada tem ficado mais difícil. Estagnados com a falta de incentivo e na tentativa de obter uma visibilidade maior, os clubes sofrem para se manter na ativa.

O abandono é tamanho, que a média de público é de apenas 125 pagantes.

As 48 partidas disputadas pelas 16 equipes participantes na primeira fase, tiveram uma arrecadação total de R$ 53.474,13.

Como as despesas com os jogos somaram R$ 132.577,76, os clubes tiveram que arcar com o prejuízo, pagando, em média, R$ 2.761,62 para jogar.

“Infelizmente essa é a nossa realidade. Temos que pagar para jogar se quisermos ter uma visibilidade no futuro. É uma competição no qual temos de fazer de tudo para sair dela o mais rápido possível”, lamenta o presidente do Minas Brasil, Geraldo Magela.

Apesar de contar com equipes tradicionais do interior mineiro, como Valério (Itabira), Democrata (Sete Lagoas) e Siderúrgica (Sabará), campeão mineiro em 1937 e 1964, a Segunda Divisão é basicamente formada por clubes-empresa.

O mais famoso é o Coimbra, que tem as contas pagas pelo Banco BMG, um dos maiores investidores do futebol brasileiro.

TAPETÃO

A ausência de público e o prejuízo não são os únicos problemas da Terceirona. A competição, que teria a segunda fase iniciada amanhã, teve os jogos adiados por causa de ações na Justiça Desportiva.

Os motivos para que os clubes recorram ao tapetão são inimagináveis num futebol profissional.

O Nacional, de Uberaba, contratou o meia Thiago Carvalho do Mamoré. Ele teria de cumprir suspensão, mas jogou contra o Uberlândia. Para que isso acontecesse, o time precisaria doar cestas básicas. E fez isso, só que depois do confronto.

Na primeira rodada, o União Luziense encarou o Jacutinga com 12 jogadores irregulares. O time foi julgado pelo TJD/MG e perdeu quatro pontos.

Apesar disso, se classificou para a segunda fase com um ponto a mais que o próprio Jacutinga, que pode recorrer.
 

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