Thiago Braz faz história com título em prova de pouca tradição para o país

Bruno Moreno
Enviado especial
17/08/2016 às 10:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:24
 (ANA PAtrícia/COB)

(ANA PAtrícia/COB)

RIO DE JANEIRO – Parece mais uma daquelas fábulas a que o esporte brasileiro se acostumou: atleta azarão, com uma história familiar complicada, surpreende o favorito e inscreve seu nome na história olímpica. Mas não foi exatamente assim.

Quando entrou na pista do Estádio Olímpico para a final do salto com vara, o paulista Thiago Braz levava a terceira melhor marca da temporada e um currículo impecável desde as categorias de formação. 

Se houve algo especial na noite de segunda-feira foi a capacidade de superar o próprio limite e brilhar no momento certo – melhorar a marca pessoal em 10 centímetros e estabelecer novo recorde para os Jogos quando a pressão de competir em casa e enfrentar o francês Renaud Lavillenie poderia provocar efeito contrário.

Não que o esporte escolhido pelo menino que sempre teve paixão pelo voo, se diverte pilotando aeromodelos e assombrou o mundo ao voar exatos 6,03m seja dos mais populares no Brasil.

Inicialmente até foi, já que Lúcio de Almeida Castro foi o sexto em Los Angeles-1932. Na mesma cidade, em 1984, o norte-americano Tomas Hintnaus, filho de tchecos exilados, foi o representante verde e amarelo. Seu recorde sul-americano era de modestos 5,76m, ao mesmo tempo em que o ucraniano (então competindo pela URSS) Sergei Bubka dominava.

Pois, aos 14 anos, influenciado por um tio, atleta do decatlo, o menino de Marília deu seus primeiros saltos, mostrando talento para chegar à equipe BM&F e ser orientado por Élson Miranda, técnico e marido de Fabiana Murer.

O contato com o ucraniano Vitaly Petrov, treinador de Bubka, Yelena Isinbayeva e Murer foi natural, assim como a progressão nos resultados – prata nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2010; títulos pan-americano (2011) e mundial juvenil (2012). Nada mais lógico que chegar à Olimpíada com ambições legítimas, que foram crescendo ao longo da competição.

“Meu primeiro objetivo era a medalha e a meta que eu e o Vitaly tínhamos traçado para o ano era superar os 6m. Estava tão concentrado que nem me dei conta de que saltaria para o recorde olímpico, acabou vindo de brinde. Pedi para subir o sarrafo e, quando passei, senti uma emoção muito forte, o peito queria explodir. Reagi como normalmente não faço: sorria, pulava de felicidade”, resumiu o campeão, honrado por ter recebido os parabéns de Bubka.

“Fico contente por saber que gostou e espero vê-lo pessoalmente logo.”

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