Thiago Michel ostenta a cara de mau, mas a fama é de "bom moço"

Émile Patrício - Do Hoje em Dia
24/01/2013 às 08:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:01
 (Toninho Almada/Hoje em Dia)

(Toninho Almada/Hoje em Dia)

Quem vê Thiago Michel em uma disputa de MMA (artes marciais mistas) pela primeira vez pode se deixar iludir pela cara feia e a marra antes de subir ao cage. Afinal, isso também faz parte do show. Mas não se engane. Referência no kickboxing, Thiago é o menino “boa praça”, um dos mais carismáticos e simpáticos lutadores. Já conhecido no Brasil, o mineiro de Belo Horizonte ganha fama também nas competições internacionais.

No próximo dia 31, ele estará de volta ao cage do Bellator Fighting Championships, na 8ª temporada do torneio dos leves, em Michigan, nos Estados Unidos. Este é o segundo maior evento de MMA do mundo.

Pedreira

A primeira luta será casca grossa. Thiago, de 28 anos, enfrentará o russo Alexander “Tiger” Sarnavskiy. “O atleta russo é parecido com o brasileiro, sabe um pouquinho de tudo. É sempre perigoso. Fizemos um trabalho de defesa de queda, mantendo o treinamento em pé, que é a minha base (kickboxing), e dedicando bastante tempo ao jiu-jítsu. Estamos assistindo às lutas do adversário para estudá-lo”, afirma Thiago, que precisa vencer três duelos para sagrar-se campeão.

Se conseguir o título, além da bolada de US$ 100 mil (R$ 204 mil na cotação atual), ele terá o direito de disputar o cinturão do Bellator.

Thiago soma 14 lutas em seu cartel no MMA. Foram 11 vitórias, 10 delas por nocaute. No kickboxing, são 39 duelos e 36 triunfos, nove por nocaute. Conhecido pela trocação afiada, somente no ano passado o mineiro conquistou seis títulos e venceu 10 oponentes.

Esta será a segunda participação de Thiago no Bellator. No ano passado, o kickboxer passou pelas quartas de final ao derrotar Renê Nazaré, mas não teve a chance de disputar a decisão do torneio. Desta vez, existe a possibilidade de acontecer um duelo entre brasileiros na final da temporada, já que os compatriotas Ricardo Tirloni e Patricky “Pit Bull” também estão na briga do outro lado da chave.

Novo Spider

Thiago ganhou a fama de ser o “Anderson Silva mineiro”, mas não se ilude com as comparações. “Anderson é um cara que eu admiro e que tem um estilo de luta maravilhoso. Não estou no nível dele, mas sou o Thiago Michel e vou representar meu país da melhor maneira possível”, ressalta o boa praça e também modesto lutador mineiro.

Pela primeira vez, Thiago Michel terá a companhia nos EUA do pai, Mestre Ely, que também é seu treinador. Em outras ocasiões, o lutador não pôde contar com o auxílio, já que o visto americano foi negado a seu pai por quatro vezes. Agora, a autorização foi muito comemorada.

“Ter a presença dele a meu lado faz muita diferença. Passa uma segurança fora do normal. Treino com ele desde os dois anos, e nosso entrosamento é inexplicável”, explica o kickboxer, que passou por muitas dificuldades para competir.

Segundo o Mestre Ely, ter a chance de disputar o Bellator Fighting Championships é a realização de um sonho. “Depois de ter viajado de ônibus por diversas vezes, sofrer para economizar o suficiente para conseguir competir, é uma coisa esplêndida estarmos hoje viajando de avião com os custos todos pagos pela organização do evento”, conta o treinador.

Busca por apoio

Thiago ainda não tem patrocinador e divide a rotina de treinos com as aulas que dá em uma academia de Belo Horizonte. Nas competições, geralmente usa uma camisa escrita “atleta sem patrocinador” ou “anuncie aqui”, como forma de chamar a atenção e alcançar um bom contrato.

Mestre Ely ajudou a construir a história de Thiago. Famoso ex-lutador de kickboxing, ele foi o responsável por inserir o filho nas artes marciais.
“É bem mais difícil ser treinador que lutador, e a isso se agrega o fato de ele ser meu filho. Ser apenas técnico é duro, mas tento desvincular os sentimentos de pai e ser frio para conseguir auxiliá-lo”, diz Mestre Ely.

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