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Tiro, cigarro e bomba: genial e explosivo ponta do Atlético, ídolo Éder Aleixo completa 60 anos

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
Publicado em 25/05/2017 às 19:55.Atualizado em 15/11/2021 às 14:43.

A bola saia dos seus pés na mesma velocidade em que o pavio se estourava na cabeça. O rosto de menino e a fama de 'galã' se contrastava com a coleção de brigas, expulsões e confusões dentro e fora do gramado. Há 60 anos, nascia em Vespasiano, Região Metropolitana de Belo Horizonte, um dos maiores pontas do futebol mundial. Nesta quinta-feira (25), o esporte mineiro celebra mais um aniversário de Éder Aleixo de Assis.

Filho de um ex-goleiro profissional que tentou carreira nos grandes centros, Éder surgiu como um foguete no América. Já era o craque do Coelho aos 18 anos e rompeu horizontes precocemente. Passou pelo Grêmio para ser campeão gaúcho aos 20 anos e impedir o Inter de ser eneacampeão estadual.

"Sempre gostei de futebol. Minha infância em Vespasiano foi sempre jogando bola. Isso me ajudou muito. Até porque meu pai foi jogador profissional e me incentivava muito. Tive a oportunidade de ser descoberto pelo Biju, que era o treinador do América. E o América treinava em Vespasiano e fui convidado para treinar no América aos 13 anos".

O ponta-esquerda foi peça do time memorável da Copa de 1982

Mas o seu coração o guiaria ao Atlético em 1980, quando Elias Kalil assumiu a presidência e montou um esquadrão. Foi trocado por Paulo Isidoro para fazer história no Galo. Não sem antes já ser taxado de 'garoto-problema'. 

Havia brigado com Telê Santana no Estádio Olímpico e pediu para sair do Imortal Tricolor. Chegou, no Grêmio, a se apresentar com o braço engessado. O motivo? Foi alvo de um tiro em um episódio envolvendo o técnico Marcelo Oliveira, cria das categorias de base do Galo, então jogador do Botafogo. Éder sustentou a versão que foi vítima de um disparo ao tentar evitar um assalto. Mas há quem diga que foi uma briga que o ponta estava imerso ao sair de uma boate.

 Ao chegar no Galo, em 1980, não gostou de ser reprimido por Procópio Cardoso por enfeitar jogadas e mandou na lata: "Não se mete no meu jogo". Em reportagem de abril de 1981, a Placar assim descrevia o gênio forte do camisa 11: "Era rebelde, xingava cartolas, brigava com técnicos, desrespeitava adversários, treinava pouco".

A lista de brigas de Éder vai desde Casagrande (sendo reprimido num Atlético x Caldense) até socos que lhe valeram um lugar na Copa de 1986. Brigou com companheiros de próprio clube e marcadores dos rivais. Temperamento explosivo, tal qual a maneira de fuzilar os goleiros.

CONSAGRAÇÃO

Mas a genialidade do ponta estava na bola. Técnica, habilidade e, principalmente, uma patada na canhota de fazer inveja a Nelinho, antes desafeto, depois amigo de Galo. Éder cansou de fazer gols olímpicos e anotou duas pinturas na Copa de 1982 pela Seleção. Foi para o Mundial após se consagrar no Atlético vice do Brasileiro de 1980 e "eliminado" da Libertadores do ano seguinte. E nesta caminhada, o vício do cigarrro teve de ser superado. Acusado de correr pouco, perdia o fôlego minado pelos 40 'Carltons' por dia. 

"Sentei na sala (depois de uma má atuação pelo Atlético), triste, cabisbaixo. Minha mãe me disse: 'Você não jogou nada hoje, hein filho?' Aquilo foi como uma torneira para mim. Comecei a chorar. Quando parei, olhei para o maço de cigarros que estava em cima da mesa e falei: 'É esta porcaria que está me atrapalhando. Nunca mais vou fumar", disse Éder, à Placar em 1981.

No Galo, participou ativamente do hexacampeonato estadual conquistado em 1983 (ano em que conquistaria a Bola de Prata no Brasileirão). Era sinônimo de gol ao lado de Reinaldo. Atualmente, é o 13º maior artilheiro da história do clube, com 122 gols.

Desafio da Placar entre Nelinho e Éder Aleixo na Toca da Raposa II: pauta impossível hoje em dia

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Deixou o Atlético após cinco anos, com propostas recusadas do Mundo Árabe, Barcelona, Roma, Atlético de Madrid. A relação desgastada com o Galo o levou a brigar com Elias Kalil. Vaiado pela torcida, Éder pediu uma renovação de salário na qual ganharia três vezes mais: "Só recebendo uma fortuna para suportar tamanha humilhação". Kalil não aceitou e o jogador ficou sem contrato. Entretanto, não poderia assinar com ninguém se o Galo não liberasse seu passe. 

Depois de resolver a situação do Atlético com promessas de nunca mais voltar. Deixava o Galo num momento delicado da vida pessoal. Sofria com a separação dos pais, 'Seu' Aleixo e Dona Zilda. Perdia os laços com o mentor no futebol, algo que o abalava e o fez dar um emotivo depoimento à Placar:

Após romper com o Atlético, Éder foi defender a Inter de Limeira-SP, clube que seria campeão paulista em 1986, quando Éder já estava no Palmeiras. Passou ainda por diversos clubes do futebol brasileiro (Santos, Botafogo, Sport, Atlético-PR, União São João) e no exterior (Cerro Porteño-PAR, Malatyaspor-TUR e Fenerbahçe). Além disso, jogou no Cruzeiro e conquistou o seu maior troféu: a Copa do Brasil 1993. 

Retornaria a vestir o 'manto sagrado' do Galo em outras duas passagens (1989-1990 e 1994-1995), chegando a uma semifinal do Brasileirão em 1994, perdendo para o Corinthians. Na Seleção, a carreira foi encurtada em 1986 por uma agressão a um lateral do Peru meses antes da Copa do Mundo. O ato de violência lhe valeu a não convocação. 

Após a aposentadoria dos gramados, Éder voltou ao Atlético para duas ocasiões. Ocupou cargo de diretoria no começo dos anos 2000 e é um dos integrantes do time Máster do Atlético, juntamente com jogadores como Luizinho, Sérgio Araújo, João Leite...

Éder Aleixo

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Uma das maiores confusões que Éder Aleixo causou nos gramados foi num clássico de 1981, em fim de ano. O Atlético já era campeão mineiro e duelava contra o Cruzeiro. Éder e Cerezo fizeram os gols do 2 a 0 para completar a festa. Contudo, o camisa 11 chamou a atenção mesmo ao brigar com Nelinho. Primeiro, os dois se estranharam e cada um deu uma porrada no outro.

Quando Nelinho foi revidar, saiu correndo atrás de Éder, o que causou motivo para gozação da torcida celeste. Fato é que só Nelinho foi expulso. O detalhe é que Telê Santana, então treinador da Seleção Brasileira, estava nas tribunas do Mineirão, testemunha da confusão que valeu dois jogadores para o DM e mais duas expulsões celestes.

Éder, protagonista da balbúrdia, acabou sendo chamado para a Copa do Mundo sete meses depois. Nelinho, entretanto, ficou no Brasil e iria para o Galo duas temporadas após o entrevero.

Veja Éder comentando a famosa briga com Nelinho:

O famoso Atlético 2x0 Cruzeiro de 29/11/1981, gols de Éder e Cerezo:

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