Torcedor que viajou em ‘dois fuscas’ para ver o título de 1971 marcou presença no Mineirão em 2021

Letícia Lopes
@leticialopesou
03/12/2021 às 07:47.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:12
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Poder comparar – e quase igualar – Hulk a Dadá Maravilha é um privilégio que o torcedor Élcio Diniz Dutra pode ostentar. Presente no primeiro Campeonato Brasileiro, em 1971, o dentista, natural de Belo Horizonte, tinha 24 anos quando gritou “é campeão brasileiro!” pela primeira vez. A essa memória que ele considera “inesquecível”, houve muita entrega, frustrações e espera. Agora, aos 74 anos, ele volta a gritar, tendo a certeza de que “esta não será a última vez”. 

Durante a temporada de 2021 do Atlético, Élcio esteve presente em quase todos jogos em que foi possível a entrada de torcedores. “É minha paixão. Eu não perco em hipótese alguma”, contou. 

São inevitáveis as comparações dos dois elencos campeões brasileiros do Galo – até porque é disso também que o futebol é feito –, e Dutra dispensa saudosismo ao dizer que o time atual é melhor, que o técnico Cuca é mais estratégico, e que a torcida continua incrível. Para ele, depois de grandes tristezas e decepções pós-jogos, não há nada que não esteja perfeito nessa festa. Arquivo pessoal

No estilo do Galo

No entanto, o passado também o emociona. Lembrar de 1971 é ter orgulho da história do seu time, se alegrar por ter vivido um grande momento e saber (sem ninguém ter contado, afinal, ele estava lá) que o Maracanã estava cheio, que foi uma loucura e que o personagem protagonista não era Hulk, mas era o Peito de Aço. “Os dois são nomes inesquecíveis na história do Atlético. Dois grandes craques, cada um à sua época”, comenta.

Para assistir à final de 71, Élcio comprou o ingresso e preparou o fusca e a família para ir ao Maracanã na véspera de Botafogo x Atlético e assistir à final em 19 de dezembro daquele ano. No caminho, porém, ele bateu o carro, e o pensamento que veio à cabeça foi um só: “Vou perder o jogo”.

Mas não perdeu. Quem tinha batido no seu carro era um velho amigo, que logo deu um jeito de arrumar outro fusca para Élcio dirigir até o Rio de Janeiro.

Se engana quem pensa que ele só se lembra do gol de Dario, aos 16 minutos do segundo tempo. “Genial” era o nome da barraquinha onde ele comeu um cachorro quente antes de ser campeão. “Lembro de tudo como se fosse hoje”, relembrou. “Chegamos lá no Maracanã, e foi o que deu tempo de comer, pois já estava na hora de começar (o jogo). Foram poucas horas de muita alegria. E na hora do gol... Pura comemoração. O estádio naquela época ficava ainda mais lotado. Todo mundo se abraçando, e o Galo sendo o primeiro campeão brasileiro”, relatou.

Se recorda também que, na volta, o para-choque quebrou, na Serra de Petrópolis. Porém, nada importava muito para um campeão. “Depois que consegui resolver o problema, seguimos viagem. Ficaram somente boas lembranças. Tinha que ser dessa forma, bem no estilo do Galo”, contou.Arquivo pessoal

Essa foi uma das muitas viagens que Élcio fez para acompanhar seu time de perto. E esta paixão que o move, literalmente, é passada para seus filhos que o acompanham na maioria das vezes e, de acordo com sua percepção, “são mais atleticanos do que eu”.

Ele foi e é muitas coisas nesta vida, mas ser atleticano é com certeza uma das suas principais características, como ressaltou. “Sou identificado como ‘O Atleticano’ por todos. E é bom porque gostar do Galo é gostar de viver. Tenho muitos prazeres nesta vida, mas nada me faz mais feliz do que gritar ‘Galo’”, disse.

Antes de o clube consolidar o título deste ano, mesmo com tudo encaminhado para o Galo ser campeão, Dutra estava alinhado à fala dos jogadores e da torcida atleticana: “Está tudo encaminhado, mas ainda não ganhamos”.

Agora, com a certeza do bicampeonato, o dentista não fez planos para a comemoração. “Não quero nem saber, quero fazer tudo!”, emocionou-se.

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