Um esquadrão de peso em campo na terra do poeta mineiro

Felipe Torres - Do Hoje em Dia
19/07/2012 às 07:59.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:40
 (FREDERICO HAIKAL)

(FREDERICO HAIKAL)

Dia 17 de fevereiro de 1957. Passam das 15 horas em Itabira, na Região Central de Minas, e a torcida já está inquieta nas dependências do Estádio Israel Pinheiro. Afinal, dentro de instantes, o poderoso Botafogo, dos grandes craques Didi, Nilton Santos, Amauri e Garrincha, pisará no gramado para um amistoso diante do anfitrião Valeriodoce.

“Venha conhecer os mestres da pelota. O maior espetáculo esportivo apresentado na cidade”, avisa o cartaz que divulga o esperado confronto.

A chuva não dá trégua durante o duelo. Mas o Dragão mostra sua força e, com muita raça, não toma conhecimento do Fogão. A maioria do público sequer acredita quando Nino e Vitorino vazam a meta carioca e decretam a impressionante vitória, por 2 a 1. Rossi desconta para os visitantes.
Este memorável encontro é apenas mais um dos momentos de glória do Valério. Fundado em 22 de novembro de 1942, por funcionários da Companhia Vale do Rio Doce, o clube chegou a disputar as Séries B (1988 e 1989) e C (1994 e 1995) do Campeonato Brasileiro.

Financiado pela, então, mineradora estatal, conquistou por duas vezes, nas temporadas 1962 e 1969, o Torneio Início. A competição antecedia o Estadual e contava com a participação de todos os concorrentes de peso da Primeira Divisão.

No último deles, Vicente Lage, o 109, comandava o grupo alvirrubro. Ele é um dos principais personagens da história do Dragão e no currículo também coleciona trajetórias marcantes pelo banco de reservas de América, Atlético e Cruzeiro. Lage ficou nada menos do que 30 anos na equipe de Itabira, das década de 1950 a 1980, entre as funções de jogador e técnico.

“Derrotamos um dos nossos maiores rivais na decisão de 1969, o Villa Nova (0 a 0 no tempo normal, 6 a 5 nos pênaltis). O Valério era uma agremiação muito organizada e respeitada. Os jogadores, contratados pela Vale, só se dedicavam ao futebol, viviam da bola. Todo o pessoal queria jogar lá”, lembra o saudoso 109.

No inesquecível embate diante do Botafogo, coube ao meia 109 marcar Didi, uma das estrelas da formação carioca. “Fiz meu trabalho bem. E quando terminou a partida, nós, do Valério, nos tornamos os heróis da cidade. Fomos carregados e a festa se espalhou por todo canto. Colocamos o clube em posição de destaque. Só se falava do nosso feito”, conta.

Um fato marcaria de vez esta data na vida de 109. “Neste dia, minha esposa Iene estava no hospital para ganhar nossa primeira filha. Mas eu nem lembrei disso, tamanha a empolgação de encarar o Fogão”, brinca.

Desde que a Vale foi privatizada, em 1997, o Valério perdeu o valioso suporte financeiro para gerir seu futebol, se contentando com iniciativas indiretas da parceira. Hoje, o Dragão amarga a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro (equivalente à Terceira), disputa que começa em agosto.
Na temporada passada, o time decepcionou e não conseguiu o acesso ao Módulo II, frustrando os torcedores itabiranos.

Saiba mais sobre a história do Valeriodoce na edição digital do Hoje em Dia.

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