Vítima da crise política, mas ativo na financeira, Gilvan relata como dívida triplicou em sua gestão

Lucas Borges
11/09/2019 às 18:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:31
 (Divulgação)

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Presidente do Cruzeiro entre 2012 e 2017, Gilvan de Pinho Tavares atraiu os holofotes nesta semana, em mais um capítulo da crise política e institucional que a Raposa atravessa. Nessa terça-feira (10), ele e mais um grupo de conselheiros que integram a associação denominada "Pró-Cruzeiro Transparente" foram barrados na porta do Parque Esportivo do Barro Preto e não puderam ter acesso às dependências do clube.

Segundo o ex-dirigente, que é conselheiro benemérito da agremiação, a ordem partiu do atual vice-presidente do clube, Hermínio Lemos. "Foi constrangedor (o episódio). Mas também senti um medo muito grande por parte das pessoas que fizeram isso. É de se lamentar muito que a situação tenha chegado a esse ponto", disse, dando detalhes do ocorrido.

Entretanto, se foi vítima do caos político que o Cruzeiro vive, Gilvan de Pinho viu a dívida do clube triplicar durante sua gestão. Em 2012, quando tomou posse, a dívida do clube estrelado era de R$120,3 milhões; já no final de 2017, quando passou o bastão para Wagner Pires de Sá – atual mandatário celeste – o montante era de R$371,8 milhões. (CONFIRA ABAIXO A EVOLUÇÃO DA DÍVIDA DO CRUZEIRO NOS ÚLTIMOS ANOS)

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, Gilvan de Pinho Tavares justificou os gastos, afirmando que, de cara, teve que injetar verbas no departamento de futebol para evitar que o clube corresse risco de rebaixamento no Brasileiro.

“Quando assumi (a presidência), o clube já tinha essa dívida (R$120,3 milhões). É uma dívida que veio da gestão anterior, de Reffis, por exemplo. Durante meu mandato, peguei um clube sem time. Eu tive que montar um time completamente novo. Quando assumi, o Cruzeiro tinha acabado de escapar do rebaixamento, na última rodada, contra o Atlético (em 2011). Tive que montar um time inteirinho. Eu só tinha o Fábio e o Montillo. Queriam até que vendesse o Montillo para poder fazer receita, mas falei que primeiro precisava fazer um time, para depois vendê-lo. Quando consegui superar o péssimo momento do meu primeiro ano de mandato, em 2012, nós conseguimos, com contratações, sem investimento, com as chegadas de Tinga e Ceará, que foram muito úteis, não ser rebaixado”, relatou.

Em seguida, o ex-dirigente afirmou que passou a investir mais ainda na equipe, visando à conquista de títulos, o que teria onerado ainda mais o caixa do Cruzeiro. “Quando chegou o final do ano, comecei a montar o time de 2013 e 2014. Aí tive que fazer investimentos para trazer jogadores e vendi o Montillo para montar aquele time fantástico que conquistou dois Campeonatos Brasileiros seguidos. Ai começou a crise do país. O Brasil começou a passar por um momento de crise terrível, e nós tivemos que pagar nossos investimentos, vendendo atletas que tinham valores econômicos para poder conseguir pagar”, disse.

Por fim, Gilvan citou a despesa gerada pelas obrigações advindas da adesão ao Profut (Programa de Modernização da Gestão de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), que foi instituído pelo Governo Federal com o intuito de auxiliar os clubes a sanearem as dívidas com a União.

“Quando coloquei o Cruzeiro no Profut, juntando todos os Refis anteriores, tudo isso gerou essa dívida do Cruzeiro, que era em torno de R$212 milhões, se não me engano. Tudo isso já fazia parte da programação do Profut. Isso deu uma despesa mensal para o Cruzeiro, durante minha gestão, de R$650 mil por mês. Eu consegui em 2017, depois de equacionar as dívidas, montar de novo um elenco muito bom, que nos permitiu ganhar a Copa do Brasil de 2017 e ainda deixei para a administração atual do Cruzeiro aquela equipe que permitiu a eles ganharem o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil de 2018 e o Mineiro de 2019”, salientou.N/A / N/A

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