Vendedor de picolé recebe ajuda de jogadores em BH

Pedro Artur - Hoje em Dia
16/03/2015 às 08:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:21
 (Pedro Artur - Hoje em Dia)

(Pedro Artur - Hoje em Dia)

Uma cena se repete nas tardes de sol: o ambulante Chiquinho, de 32 anos, com seu carrinho de picolé em frente aos portões de entrada da Toca da Raposa II e do CT Lanna Drumond.

No Cruzeiro, além dos torcedores que esperam para acompanhar o treino, os clientes mais fiéis são o goleiro Fábio e o zagueiro Léo. No Coelho, a fila é puxada pelo volante Leandro Guerreiro e seguida por outro volante, caso de Thiago Santos, e pelos goleiros João Ricardo e Fernando Leal.

“Todos eles gostam, mas o Fábio e o Léo chegam a levar, cada um, 20 picolés para casa. O Fábio prefere os de frutas e, agora, leva o de uva para a filhinha. O Léo leva mais de coco, chocolate, flocos, morango. Os de sabor cremoso”, diz Chiquinho. “O Leandro Guerreiro leva também até 15 para a família”, completa.

Chiquinho é um velho conhecido dos jogadores, especialmente do Cruzeiro. Na Toca, ele conheceu Fábio, que foi quem deu a ele o primeiro carrinho de picolé. Depois, com o desgaste do equipamento, apareceu outro “padrinho”: Leandro Guerreiro.

“Sempre vivi na Toca da Raposa. E quando o Leandro saiu do Cruzeiro , fiquei sabendo que iria acertar com o América. Quando o América foi fazer o reconhecimento no Mineirão para um jogo contra o Cruzeiro, falei com o Leandro que precisava trocar o carrinho, que estava velho. Ele, então, me deu um novo”.

Embora todos os jogadores sejam fregueses, um deles já ganhou o troféu do mais brincalhão: o volante Henrique, do Cruzeiro.

“Ele adora uma brincadeira. De vez em quando, pega meu carrinho. E diz que meu ‘sorvete’ não é bom. Num dia, me zoou tanto que disse que o sorvete é feito da água da Lagoa da Pampulha. Também levo na maior brincadeira”, conta.

Torcedor do Cruzeiro, Chiquinho dissimula e afirma que torce atualmente pelo sucesso de todos os jogadores. “Quando pego amizade, eu torço pela felicidade deles, pelo trabalho deles”, justifica ele.

Chiquinho conta que compra os picolés e os revende para os jogadores e frequentadores. Ele, que já vendia na Toca, começou a formar a freguesia há três anos no América. O picolé custa R$ 1,50.

Negócios à parte, ele afirma que mantém uma relação de amizade muito forte com vários jogadores, dos quais costuma receber doações e até ajuda financeira. Na última sexta-feira, por exemplo, Chiquinho foi à Toca e recebeu uma cesta básica de Willian, um tênis de Ceará e uma camisa de Fábio”

Willian, por sinal, até tem uma semelhança com Chiquinho no mundo dos negócios. “Willian me disse que fez para a mãe dele uma fábrica de sorvete na terra dele”, diz Chiquinho. Willian é de Três Fronteiras, interior paulista.

Renda

Além da venda de picolé, Chiquinho também trabalha como gari em Belo Horizon[/TEXTO]te [/TEXTO]para sustentar a família. Ele mora em casa própria – no bairro Paquetá, na região da Pampulha, próximo aos CT´s de Cruzeiro e América – com a mãe Zilda, de 60 anos, a irmã Nicélia, 39, e os filhos dela Igor, Joice e João Vitor. A irmã Nicélia trabalha como diarista e ajuda nas despesas.

“Eu ganho como gari um salário mínimo e, dependendo do tempo, dá para ganhar até R$ 500 por mês com picolé. Ajuda bastante”, diz a figura dos picolés.

O curioso é que Chiquinho – apelido dado pela tia Ana quando ele ainda estava no colo da mãe –, na realidade, se chama João Renato Ramos. O motivo do apelido ele não sabe explicar.

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