Vitor Belfort fala sobre a luta contra Weidman pelo cinturão dos médios do UFC

Felippe Drummond Neto
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/05/2015 às 09:17.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:03
 (Wander Roberto /inovafoto / divulgação)

(Wander Roberto /inovafoto / divulgação)

No próximo sábado, o carioca Vitor Belfort encara o norte-americano Chris Weidman, no UFC 187, em Las Vegas, valendo o cinturão dos pesos médios (até 84kg). Se vencer, ele se torna o primeiro lutador da história do UFC a conquistar o título em três categorias de peso diferentes – já foi campeão dos pesados (até 120kg), em 1997, e dos meio-pesados (até 93kg), em 2004. Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, concedida por email, Belfort falou de sua preparação para o esperado combate, que já foi adiado por três vezes – uma pela proibição do tratamento de Terapia de Reposição de Testosterona (TRT), do qual Belfort era adepto, e em duas ocasiões por conta de lesão de Weidman. O carioca evitou polêmicas e se mostrou confiante para o desafio.

 

Campeão em duas categorias diferentes do UFC em outros tempos, Belfort desafia o norte-americano Weidman no próximo sábado, em Las Vegas

 

Você pode se tornar o primeiro lutador na história do UFC a ganhar três cinturões em categorias diferentes. O que isso representa?

Isso representa que ninguém é tão velho ou tão novo para ir atrás de seus sonhos. Em alguns meses completo 20 anos de carreira, e ser duas vezes campeão em duas categorias diferentes no UFC me motiva a ser campeão em mais uma. Quem sabe ainda serei campeão em outras? Muitas pessoas gostam de ficar na zona de conforto; eu sou o oposto, gosto de desafios e de me superar a cada dia.

Praticamente, todos os lutadores que faziam uso da Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) não conseguiram manter o mesmo nível depois da proibição (Overeem, Dan Henderson, entre outros). Você teme que isso possa acontecer com você?

Mas o que ninguém fala é que, mesmo com o TRT, a maioria dos atletas que fazia o tratamento não estava tendo uma boa performance.

Você está há quase dois anos sem lutar. Isso pode te atrapalhar? Ou esse tempo todo te ajudou a acostumar com seu corpo sem o TRT?

Não preciso ter luta marcada para treinar. Me considero um executivo, que todos os dias vai ao trabalho. Sei cuidar muito bem da minha empresa chamada Vitor Belfort, por isso que atuo há 19 anos nesse mercado. Quando se tem princípios, valores e consegue entender que tudo é um negócio, você se destaca. O esporte precisa de homens de negócios que sejam lutadores, e não lutadores que tentam ser homens de negócios.

O que você pensa a respeito do Chris Weidman?
 

Nada.

O Weidman talvez seja o campeão do UFC que ainda não teve uma grande exibição. E ele quer mostrar na luta contra você que merece ser o dono do cinturão. Como anular o jogo dele e impor o seu?

Treino duro todos os dias para chegar no dia da luta e apresentar meu melhor dentro daquele octógono. Isso que todo mundo pode esperar.

Um dos pontos fortes do jogo dele e também do seu é o jiu-jítsu. Você acha que essa luta pode se desenrolar no chão?
 

No MMA tudo pode acontecer. É por isso que todos devem sempre estar preparados para usar todas as artes marciais.

Tanto você quanto o Weidman são faixa preta de jiu-jítsu da família Gracie. Quem você acha que é o melhor no chão?
 

Não existe melhor ou pior, mas sim quem dá o seu melhor.

Se você pudesse escolher um método para vencer Weidman, qual seria?
 

Não tenho preferência, só sei que eu não desisto nunca, e meu objetivo é dar o meu melhor no dia da luta.

Aos 38 anos, você já pensa em aposentadoria?
 

Com 38 anos de idade e 19 anos de carreira, percebi que todo dia temos a oportunidade de aprender algo novo. Só chega longe e permanece no topo por um longo período o general que aprendeu a ser soldado. O mestre que serve e não espera ser servido. Por isso, acredito que a minha história ainda está só na metade.

Caso você conquiste o cinturão, pensa em parar no auge?
 

No momento, só penso em treinar para a luta contra o Weidman.

Como está a preparação para enfrentar o Weidman?
 

Minha preparação está ótima. Estou com boxe, jiu-jítsu, wrestling, muay thai, entre outras artes marciais afiadíssimas. Posso garantir que estou pronto para a guerra.

O que tem focado mais nos seus treinos para esse combate?
 

Tenho me focado na jornada. Sei que esse é o grande prêmio. Por isso que valorizo cada pessoa que está comigo todos os dias. Na luta é só diversão, o dia a dia é onde enfrentamos a verdadeira luta. Agradeço a Deus, minha esposa, filhos, meus patrocinadores, treinadores, entre outras pessoas que lutam comigo diariamente e me dão todo o suporte que preciso.

Quais os treinadores que te ajudaram nessa preparação?
 

Jesus, que considero o mais importante de todos, Henri Hoof (kickboxing), Jake Bonacci (preparador físico), Greg Jones (wrestling), Corey Peacok(fisiologista), Douglas Kalman (nutricionista), Pedro Diaz (boxe), Daniel Mendes (muay-thai), Robert Drysdale (jiu-jitsu), Jordan Johnson (MMA), além de toda a equipe da academia Blackzilians, aqui em Boca Raton, na Flórida (EUA).

Como você gosta que seu camp (treino por estágios) ocorra?
 

O camp ideal é quando todos estão focados no mesmo objetivo. E posso garantir que todos os meus camps são assim.

Como você vê o atual momento do MMA?
 

Estamos em um momento onde muita coisa pode acontecer. O esporte evoluiu muito, mas ainda tem muito a ser aperfeiçoado. Pessoalmente, gostaria muito que o MMA fosse para as olimpíadas daqui alguns anos, mas para que isso aconteça algumas regras terão que ser mudadas.

Além de você, neste ano mais cinco brasileiros vão defender ou disputar o cinturão (Werdum contra Velasquez; Renan Barão contra TJ Dillashaw; José Aldo contra McGregor; Rafael Dos Anjos contra Khabib Nurmagumedov; Bete Correa contra Ronda Rousey). Aposta em quem?
 

Não aposto.

Como um dos embaixadores do UFC no Brasil, você sempre falou que o MMA poderia superar a preferência nacional pelo Futebol. Ainda crê que isso possa acontecer?
 

O futebol é e sempre será a principal paixão nacional, mas hoje se perguntar para um menino o que ele quer ser quando crescer, ele responde jogador de futebol ou lutador de MMA.

Para você, que já enfrentou praticamente todos os grandes lutadores de MMA da história, quem foi o mais difícil?
 

Meu mestre Carlson Gracie sempre dizia que não existe oponente fácil. Todos são difíceis, e o mais difícil é sempre o próximo.

Você chegou a lutar no Pride. Quais regras você prefere, em comparação às do UFC?
 

Gosto das duas organizações, mas cada uma tem suas peculiaridades.

Você morou por alguns anos em Belo Horizonte, onde seu pai trabalhou por décadas. Qual é a sua relação com a cidade?
 

Praticamente toda a minha família é de Belo Horizonte. Por isso, tenho um carinho muito especial por essa cidade que me acolheu muito bem no período que morei aí.

Como você vê o caso do Jon Jones, que acabou sendo suspenso e perdendo o cinturão?
 

Acho que qualquer pessoa, seja um engenheiro, advogado, lixeiro, dona de casa, atleta, ator, formador de opinião, entre outras, deveria sempre ter o cuidado de ser exemplo e referência para todos.

Como você, que chegou a fazer uma luta profissional no boxe, viu a última luta entre Floyd Mayweather e Manny Pacquiao?
 

Fiquei com sono e dormi, além de ter perdido 100 dólares de pay per view.

O Anderson Silva sempre criticou os lutadores que caíram no doping, inclusive você (Em 2006, após a primeira luta contra o americano Dan Henderson, Belfort testou positivo para Hidroxitestosterona). O que você pensa a respeito do doping dele?
 

Nada.

Quem, em sua opinião, é o maior lutador de MMA de todos os tempos?
 

Quem foi eu não sei, mas o Davi Belfort (filho, de dez anos) será o maior de todos os tempos (risos).

 

Em 2011,Belfort leva o chute que deu a vitória a Anderson Silva no combate chamado de "luta do século"

 


 

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