Vivendo quarentena em BH, Rui Costa rechaça mágoa do Atlético e debate acertos e erros

Henrique André
@ohenriqueandre
30/03/2020 às 12:55.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:08
 (Henrique André)

(Henrique André)

"Terminei ficando por aqui. É uma cidade muito agradável e meus filhos estão estudando por aqui ainda. E existe também o protocolo de ficar em casa, isso me impediu de voltar para Porto Alegre. Estou em BH com meus filhos e minha esposa; estou muito bem aqui". Demitido do Atlético após a eliminação na Copa do Brasil, para o modesto Afogados-PE, executivo Rui Costa respira os ares da capital mineira e aguarda a bola voltar a rolar para se reposicionar no mercado.

Durante entrevista ao jornalista Jorge Nicola, no Youtube, Rui falou bastante sobre sua passagem pelo alvinegro e, além de destacar a amizade com Sérgio Sette Câmara, presidente do clube, e de não guardar mágoa pela demissão, admitiu também erros cruciais para sua saída; a contratação dos gringos Lucas Hernandez e Ramon Martinez, por exemplo.

"Acho que cometi erros no Atlético, mas acredito firmemente que acertei mais do que errei. Os resultados e frustrações, principalmente no início deste ano... O Atlético vem oscilando demais nos últimos anos por causa destes resultados. Se falou muito das contratações que fiz em 2019, principalmente dos estrangeiros. Posso admitir que me precipitei. 90% da lista era de brasileiros, mas eram infinitamente mais caros do que as dos estrangeiros. O Di Santo, inclusive, foi titular com Sampaoli. Os outros talvez precisem de rodar por outros clubes, assim como aconteceu com o Gabriel (zagueiro). Estas contratações foram um equívoco, mas me fizeram refletir para 2020", comentou Costa.

Durante o bate papo, o dirigente destacou também as vendas do goleiro Cleiton, para o Red Bull Bragantino, e do atacante Chará, para o futebol norte-americano. Segundo ele, negociações que deram alívio importante aos cofres atleticanos.

"A ideia do Sette Câmara era de uma paulatina modificação do elenco, trazendo jogadores mais jovens com potencial de venda. Atualmente, o Atlético tem a mesma folha de 2019 e, posso dizer que, bastante equilibrada", destacou o cartola.

Cazares:

"Convivi um ano com o Cazares e vivi um momento muito delicado, naquela situação que se fez um pré-julgamento muito precipitado sobre ele, naquela festa que ele foi parar na delegacia. Foi um momento muito duro. Seria talvez mais cômodo crucificá-lo, mas fiz o contrário. Depois provou-se a inocência. Conheci um lado humano dele. Quando está focado e entende que tem que assumir compromissos para jogar em alto nível. Todos os momentos que renunciou de prazeres, se mostrou ser um grande jogador. Penso que a permanência dele no Atlético, pelo menos enquanto estava lá. Não foi vendido pelos valores e pelo ganho esportivo que pode dar até o fim do ano"

Amizade e carinho Sette Câmara:

"Ficamos frustrados, tristes mas jamais magoado. Eu acredito no projeto do Atlético. Acho que os ciclos deveriam ser maiores, mas entendo todo o contexto. Acredito que Sampaoli e Mattos terão um ciclo mais longo. Não teve discussão e nem nada disso".

Dudamel:

"Foi pouco tempo de amostragem. Posso falar do Dudamel como profissional e pessoa. Convivi 30 dias diretos com ele. Ele pediu para ficar no CT. A gente até brincava que eram 23h30 e nós estávamos com ele lá. Para ilustrar o nível de dedicação que ele teve para dar certo. Foi extremamente profissional; cobrava dos jogadores como certamente o Sampaoli vai cobrar. Relativizou muita coisa que ele tinha como dogma, porque era a primeira experiência dele em clube. Eu e o Marques revezávamos nisso, para não ficar uma coisa massante. Faltou resultado e ter conseguido rapidamente ter mais vitória. Se a gente tivesse classificado contra o Afogados, talvez estaria aqui até hoje. Ali foi uma eliminação vexatória. Ele, com uma vitória ali, talvez hoje fosse visto como case de sucesso".

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