Wagner Pires naufraga com briga de escudeiros e tem medo de demitir Itair

Guilherme Piu e Alexandre Simões
05/10/2019 às 17:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:05
 (Vinnicius Silva / Cruzeiro)

(Vinnicius Silva / Cruzeiro)

“Nunca participei de uma única negociação de jogador, venda, compra ou renovação de contrato”. A frase que abre o quarto parágrafo da carta de demissão de Sérgio Nonato, divulgada nessa sexta-feira (4), quando deixou o cargo de diretor-geral do Cruzeiro, é a senha final de que a relação dele com Itair Machado, vice-presidente de futebol, está estremecida há alguns meses.

O primeiro indício disso veio em 28 de junho, quando em entrevista à Rádio 98, Sérgio Nonato já tinha destacado não tem relação alguma com as coisas do futebol. E, no programa, ele chegou inclusive a criticar a política do clube nesta área, pois afirmou que alguns jogadores deveriam ter sido vendidos no início desta temporada, antes ainda de a crise explodir.

Em 27 de setembro, numa entrevista coletiva na Toca da Raposa II, foi a vez de Itair Machado, que estava punido pelo STJD e sem poder dar entrevistas, tirar das suas costas o fatos administrativos do clube: "Eu fui muito prejudicado por querer defender o Cruzeiro em todas as áreas. Desde o início que eu assumi, eu quis defender o clube em todas as áreas. E na minha conversa com o presidente há um mês atrás, eu disse a ele que não iria entrar em outra área".

Com seus dois companheiros do trio que é alvo da oposição e de grande parte da torcida sem se entender, a situação de Wagner Pires de Sá é ainda mais complicada, e se agravou com o pedido de demissão de Sérgio Nonato.

A preocupação de Sérgio Nonato e Itair Machado, de tirar da sua responsabilidade os atos cometidos pelo outro, não deixa de ser um indício de que os dois sabem demais do que acontecia em cada área.

Desde a explosão da crise, em 26 de maio, dia de uma matéria no programa Fantástico, da Rede Globo, em que foram denunciadas várias irregularidades na administração cruzeirense, além dos altos salários de Sérgio Nonato e Itair Machado, a dupla de escudeiros do presidente vem, nos bastidores, atacando um ao outro.

Agora, a estratégia de ambos é evitar em sua conta os atos do outro. Sérgio Nonato pediu para sair, e desde a última sexta-feira não integra mais a diretoria cruzeirense. Itair Machado não só segue no clube, como nas últimas horas foi revelado um pedido do presidente Wagner Pires de Sá a Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo do clube, para que o vice de futebol seguisse na Raposa.

Nos grupos de cruzeirenses, num áudio, Perrella confirma a conversa com Wagner, que teria sido levado até ele pelo seu irmão, Alvimar, que também presidiu o clube, e faz uma declaração intrigante. “Fizemos realmente uma reunião, o Wagner solicitou, o Alvimar trouxe ele, e foi cogitado isso, mas ele não tem coragem de mandar o Itair embora não. Esquece esse assunto”, diz Zezé Perrella.

A grande dúvida que surge na crise cruzeirense neste sábado é o motivo de Wagner Pires de Sá não ter coragem de mandar Itair Machado embora, apesar de ocupar o cargo principal na hierarquia do clube. É gratidão ou medo?

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