
Em tempos de gourmeti-zação, apostar na tradição pode ser um ótimo caminho para fisgar a clientela. Prova disso são hamburguerias que não se renderam à era dos ingredientes requintados e continuam servindo receitas originais.
Aberta há pouco mais de sete meses, a Eat 1877, no bairro de Lourdes, Zona Sul de Belo Horizonte, tem como mote duas hashtags que traduzem bem a essência do local: #fuckgourmet e #junkproud. A ideia, explica um dos sócios, André Prates, é servir hambúrgueres bem feitos a preço justo.
EAT 1877 - X-Burguer do estabelecimento, que fica na Savassi, é um dos clássicos presentes no cardápio
“Caminhamos na linha contrária da gourmetiza-ção. Aqui, o sanduíche mais caro custa R$ 24”, reforça o empresário, que faz contagem regressiva para inaugurar o delivery da casa. Até os nomes das receitas são descomplicados. Dentre as opções disponíveis no cardápio estão X-Bacon, X-Salada e a combinação de pão, carne, queijo e molho que caracteriza o X-Burguer.
Um dos diferenciais da hamburgueria é dar ao cliente a oportunidade de personalizar o pedido –retirado no balcão e não servido na mesa. Dá para ter queijo, bacon, salada, molho ou picles extras e ainda aumentar a gramatura da carne, que pode ir de 120 a 180 gramas.
Estrela é a carne
Adepto da simplificação, o Savá Pub, na região da Savassi, tem como foco a qualidade do ingrediente que dá nome à receita original, a carne. Independentemente do prato, todas são à base de fraldinha e da gordura do próprio corte –pequeno e de fibras longas, conhecido pela leveza e maciez.
“A gente tende a não gourmetizar tanto, pois entendemos que a grande estrela do sanduíche é realmente a carne”, explica Eduardo Biagioni, um dos sócios do local.
SAVÁ PUB - Estrela do Black Garlic, um dos carros-chefes, é o burguer feito fraldinha
Carro-chefe do estabelecimento, o Savá – batizado com o nome da hamburgueria, que é também um pub – é para dar água na boca e abrir o apetite. A receita leva pão de sal redondo, 180 gramas de carne, queijo prato, cebola caramelizada e bacon artesanal fornecido por um produtor local.
Variação mineirinha do clássico inspirado na receita dos norte-americanos, o pão com linguiça também marca presença no menu do Savá. Baguete, linguiça artesanal, cebola caramelizada e queijo prato derretido compõem a lista formada por seis criações.
Outro que faz sucesso entre quem aprecia o tradicional com um “toque do chef” é o James Burger, com unidades na região da Savassi e Floresta (Leste). Criado há cinco anos, um dos hambúrgueres mais populares é o James Bond, com 180 gramas de carne, alface, cheddar, cebola e bacon no pão com gergelim.
Menu com versão mineira do conhecido cheeseburguer
Caracterizado pela praticidade do serviço, o conceito fast casual é a aposta da The Black Beef (TBB). Inaugurada há dois meses em BH, a casa investe em um menu enxuto – cerca de nove opções fixas e uma novidade a cada dois meses – com receitas criativas, mas simplificadas. Os preços, convidativos, partem de R$ 15 e vão até R$ 24.
Sócio no estabelecimento e responsável pela criação das receitas, o chef baiano Deco Sadigursky destaca o burguer de costela como um dos queridinhos do cardápio. A receita leva carne bovina, bacon, maionese de ervas, mussarela e molho barbecue no pão artesanal da casa.
Outro que tem feito sucesso é a versão mineira do tradicional cheeseburguer. Na receita criada especialmente para a loja da capital, o sanduíche leva requeijão de corte.
Além do preço, a forma de servir é outra característica que faz do estabelecimento um lugar descomplicado, diz o chef. “Temos agilidade no serviço, mas prezamos por uma comida superior. A ideia é que o cliente tenha uma experiência boa, com produtos frescos e artesanais”.
THE BLACK BEEF - Queridinho, Black Rib tem pão exclusivo recheado com burguer de costela, maionese, mussarela, bacon e molho de churrasco
Além disso:
Há quem acredite que o hambúrguer foi criado na cidade de Hamburgo, na Alemanha, no século 17. Conforme historiadores, porém, a receita surgiu bem antes, na Mongólia, onde os cavaleiros amaciavam a carne sob a sela dos cavalos.
Depois dessa data, o sanduíche mais famoso do mundo começou a ganhar força (e variações) em outros países. E foi na Ásia Ocidental que a receita que conhecemos hoje teve início. Os nômades da região desenvolveram uma técnica para temperar a carne e conservá-la por mais tempo.
A cidade alemã só entra na história mais tarde, quando marinheiros passaram a cozinhar a matéria-prima principal, até então consumida crua, e levá-la para a América.
Apesar de os norte-americanos não serem os criadores oficiais, foi a partir dos Estados Unidos que o hambúrguer conquistou o mundo. Por isso, ainda hoje, o país é o maior consumidor do sanduíche.
GREEN UP - Recém-inaugurada em BH, loja conceito do restaurante tem opção descomplicada até para veganos: “carne” do Veggie Burger é, na verdade, um falafel – à base de grão de bico. Combinação leva iogurte, pepino, tomate e hortelã, chips de raízes e uma saladinha

O Mc Donald’s ressuscitou os sanduíches campeões. As receitas homenageiam sete países que estarão na Copa do Mundo, além da Itália, que ficou de fora este ano. Servido diariamente, o Mc Brasil (na foto) é um deles. Receita tem dois hambúrgueres, queijo coalho, bacon e maionese verde no pão de brioche