Estagnação da taxa de analfabetismo no Brasil em 2012

Hoje em Dia
08/10/2013 às 06:29.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:09

A imprensa tem destacado um dado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE, apontando que a taxa de analfabetismo, que vinha caindo nos últimos anos no país, ficou estagnada em 2012. Na última década, a taxa havia caído significativamente, sobretudo entre 2009 e 2011.

Alguns especialistas que analisaram os dados da PNAD concluíram, porém, que a estagnação verificada no ano passado não é importante, pois, entre os jovens, a proporção de analfabetos continua caindo. “A conclusão é a de que, embora nossa educação tenha muitos problemas, este não é um deles”, afirmou Simon Schwartzman, conhecido sociólogo mineiro que presidiu o IBGE durante o governo Fernando Henrique Cardoso e hoje, já aposentado pela UFMG, é pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), no Rio de Janeiro.

Os analfabetos brasileiros se concentram principalmente na faixa etária de 60 anos ou mais que não tiveram acesso à escola na infância e que, agora, são mais difíceis de serem alfabetizados. Outro pesquisador, Ruben Klein, observa que, entre os analfabetos, 62% têm mais de 50 anos, e os programas e campanhas de alfabetização de adultos não têm tido nenhum efeito para diminuir essa taxa. Por outro lado, os índices de analfabetismo na faixa de 14 a 17 anos caíram. Em 2012, menos de 1% dos brasileiros nessa faixa eram analfabetos. O importante, para acabar com o analfabetismo – o que só ocorrerá de fato quando os adultos que hoje não sabem ler e escrever tiverem morrido – ,é continuar melhorando a educação básica. Apesar de grande queda, diz Klein, cerca de 3% das crianças de 10 anos ainda são analfabetas. Eram quase 10% em 1998.

Mesmo que o número de analfabetos tenha diminuído, persiste o problema do chamado analfabetismo funcional. Ou seja, muitos mal conseguem se expressar por escrito ou entender o que leem. O Hoje em Dia mostrou na segunda-feira (8) que o problema é mais grave entre os quase 72 mil alunos que estudam em escolas rurais e que têm, na mesma sala, colegas de várias séries – as chamadas escolas multisseriadas.

O Ministério da Educação quer acabar, em nome da qualidade de ensino, com essas escolas, incentivando o uso de ônibus escolares, para que os alunos sejam levados a localidades onde haja escola em que cada série tenha sua própria sala de aula. O que se viu é que prefeituras cometem equívocos ao seguir a diretriz do MEC, acabando por provocar a evasão escolar.  

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