
Além das várias versões contraditórias, cartas reveladoras e desmembramentos, o caso envolvendo o desaparecimento da ex-modelo Eliza Samudio é marcado ainda por muitas e diferentes estratégias da defesa dos acusados, que buscam protelar o julgamento, afastar a juíza do caso, Marixa Fabiane Rodrigues, e anular a condenação dos réus já julgados.
A princípio, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola” seria julgado em 19 de novembro, juntamente com outros seis réus do processo. Porém, na ocasião, ele foi abandonado por seus advogados, que não concordaram com o tempo concedido pela juíza do caso para que eles apresentassem suas considerações preliminares.
Como “Bola” recusou-se a ser representado por um defensor público e não havia prazo hábil para que outro advogado se inteirasse do processo (que contém mais de 10 mil páginas) e assumisse o caso, a juíza o declarou indefeso e o julgamento foi remarcado para 4 de março. Além dele, seriam julgados nesta mesma data o próprio goleiro Bruno e sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues.
No dia 3 de dezembro, os advogados Ércio Quaresma e Fernando Magalhães, que abandonaram seu cliente em plenário, entraram com uma petição pleiteando o retorno ao caso. O pedido foi aceito pela mesma juíza no dia 11 de janeiro e o TJMG não informou a justificativa da decisão da juíza. Já o advogado Zanone de Oliveira Júnior, que também defendia "Bola", não pediu para voltar à defesa do réu.
Após a conclusão do julgamento que condenou Luiz Henrique Ferreira Romão, o “Macarrão” e Fernanda Rodrigues, os advogados de “Bola”, Ércio Quaresma e Fernando Magalhães entraram com recurso pedindo de anulação do júri popular. Os defensores alegaram que foram impedidos pela juíza de participarem do Conselho de Sentença que definiu a condenação dos réus. Mas a Justiça entendeu que, ao abandonar o júri, a defesa de "Bola" perdeu o direito de participar das decisões sobre os demais réus.
Em 8 de fevereiro, "Bola" teve o processo desmembrado e novamente o julgamento adiado. Em sua decisão, a juíza Marixa Fabiane Lopes considerou que o julgamento poderia ser cansativo, destacando desgaste dos jurados que, ficam submetidos à confinamento involuntário, “tendo que modificar sua rotina, ausentar de seus lares e do seu trabalho”, explicou a juíza.
Na mesma data, a defesa do réu se valeu de mais uma manobra jurídica para tentar anular o julgamento de "Macarrão" e Fernanda. Os advogados impetraram com um recurso de exceção de suspeição contra a juíza Marixa Fabiane Lopes, pedindo o cancelamento do júri dos réus condenados.
Segundo o advogado Fernando Magalhães, uma das juradas teria tido uma crise gástrica durante o período do júri popular e foi levada para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Contagem, mas esta informação não consta do julgamento. Além disso, um julgamento deste tipo prevê a incomunicabilidade total dos jurados, que não podem ter contato com ninguém até que seja definida a condenação ou absolvição dos acusados. Mas o pedido da defesa ainda não foi julgado pela Justiça mineira.
Outro processo
No ano passado, "Bola" foi absolvido da acusação de ter assassinado um carcereiro em maio de 2000. O Conselho de Sentença concluiu que não havia provas suficientes para incriminar o réu. De acordo com a denúncia do Ministério Público, Marcos Aparecido dos Santos teria sido contratado para matar Rogério Martins Novello e teria atirado contra o homem de dentro de um carro. "Bola" teria sido reconhecido pela irmã da vítima.