Extração de bauxita impulsiona crescimento de Poços de Caldas

Raul Mariano/Hoje em Dia
16/09/2014 às 18:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:13
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Uma cidade grande do interior. É essa a melhor definição para Poços de Caldas, município de 162 mil habitantes, localizado a 460 quilômetros de Belo Horizonte e dono do 6º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Minas Gerais. Um lugar que mantém, ao mesmo tempo, o clima pacato e interiorano e a vocação industrial de uma grande metrópole.    E não é difícil entender por que. A região está localizada na borda ocidental da Serra da Mantiqueira, sobre uma formação geológica rica em bauxita, matéria-prima para fabricação de alumínio. Além disso, a proximidade com as principais rodovias que ligam Minas e São Paulo, atraiu para a cidade empresas de grande porte, como a Danone e a Ferrero Rocher.  

  Mas é na exploração mineral que está uma das grandes fontes de riqueza do município. Hoje, Poços de Caldas tem 13 empresas mineradoras operando em 96 lavras. E a contribuição do setor para a economia local não se limita apenas com à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), conforme explica o secretário municipal de Fazenda, Nestor Moura.   “A mineração contribui significativamente para o nosso Valor Adicionado Fiscal (VAF) e nos permite estar entre os 20 maiores índices de participação na partilha do ICMS estadual”, comenta. “As mineradoras tiveram participação de R$ 480 milhões nesse total do VAF. Cerca de 16% do montante que, em 2012, foi de R$ 3,2 bilhões”, destaca Moura.   “Mas o valor arrecadado com o Cfem também é útil, pois nos permite alugar equipamentos para que a Secretaria de Obras possa fazer o serviço pesado, como manutenção de estradas e transporte de materiais descartados”, acrescenta o secretário.   Matéria-prima farta    Uma das gigantes do segmento mineral atuante em Poços de Caldas é a Votorantim Metais. Com 139 funcionários na cidade e a capacidade total de produzir 1,2 milhão de toneladas de bauxita por ano, a empresa ocupa uma área total de 8,5 mil hectares. Os investimentos em ampliação e modernização da planta já chegaram a R$ 2,7 milhões e a extração em 2013 foi de 883 mil toneladas.    “Hoje, 40% da produção da Votorantim em Minas Gerais está concentrada em Poços de Caldas”, explica o Gerente de Mineração da unidade, Hamilton Wuo. “Mas aqui a bauxita é apenas extraída e quebrada no britador. Logo depois ela enviada para processamento na fábrica de alumínio da Votorantim Metais, no município de Alumínio, em São Paulo”, completa.     A extração da bauxita é realizada sob acordo com proprietários das áreas de ocorrência do minério. Depois de mineradas, as áreas são recuperadas pela Votorantim Metais. “Estamos sempre em diálogo com os donos das terras que definem como a área será recuperada. São eles que escolhem se o terreno voltará a ser pasto ou se será transformado, por exemplo, em plantação de eucalipto”, explica Wuo.   Mineração sustenta programas sociais e movimenta economia   As ações sociais mantidas pela Votorantim Metais extrapolam os limites territoriais de Poços de Caldas. Por estar extraindo bauxita numa região que faz fronteira com o Estado de São Paulo, as comunidades mais próximas, apesar não estarem dentro da cidade, são as principais beneficiadas.   É o caso do projeto Escola Socioambiental, desenvolvido no bairro Campestrinho, no município paulista de Divinolândia, que há três anos recebe apoio financeiro da Votorantim para a manutenção do espaço e aquisição de equipamentos.      “Nós atendemos 50 crianças oferecendo atividades que visam melhorar o rendimento escolar do aluno”, explica Zumira Pereira, coordenadora do projeto. “Temos aulas de reforço para várias disciplinas, matemática lúdica e a roda do livro, onde são discutidos temas como preconceito e política, que os jovens aqui adoram”, conta Zumira.   Reflexos positivos   Mas, os reflexos positivos da atividade da mineração se dão principalmente na economia de Poços de Caldas. E eles são claramente identificados no comércio dinâmico e diversificado da cidade.   Segundo o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), elaborado pela Fundação João Pinheiro com indicadores de desenvolvimento socioeconômico dos 853 municípios mineiros, Poços de Caldas ocupa o primeiro lugar no quesito “renda” per capita.    O gerente do tradicional Palace Hotel, Maurício de Lima, diz que boa parte do fluxo de hóspedes é devida às demandas das mineradoras. “Todos os meses recebemos, no mínimo, seis profissionais que prestam serviços para mineradoras”, diz. “E isso acontece desde que o hotel foi inaugurado, em 1930”, destaca Maurício.   A gerente da loja de roupas Seller, Eliene Marcondes confirma que o segmento mineral contribui para os lucros das empresas da cidade.    “Pelos contra-cheques apresentados para a abertura de crediário na loja, constatamos que a mineração emprega boa parte de nossos clientes”, comenta a gerente.   SAIBA MAIS   Brasil é terceiro maior produtor   Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil é o terceiro maior produtor de minério de bauxita, responsável por 13% da produção mundial, perdendo apenas para a Austrália e para a China. As reservas descobertas no Brasil alcançam 3,5 bilhões de toneladas.   As jazidas de bauxita de Poços de Caldas, foram descobertas em 1919. Desde 1941, elas são exploradas pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que hoje pertence ao grupo Votorantim Metais.    Na cidade, a bauxita é encontrada, principalmente, nos topos dos morros. Com uma espessura média de três metros, o mineral fica no solo orgânico, o que não exige exploração de camadas profundas.   Os consumidores de bauxita são as refinarias de alumina, insumo base para a produção de alumínio. Em média, para cada quatro toneladas de bauxita são produzidas duas toneladas de alumina e uma de alumínio. 

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