Falta de peças e pandemia aquecem setor de usados, mas consumidor deve redobrar cuidados

Marcelo Jabulas
@mjabulas
17/08/2021 às 06:32.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:41
 (Carbig.com/Divulgação)

(Carbig.com/Divulgação)

O mercado de carros usados está aquecido. Mas o amigo que está de olho num usado sabe se está entrando numa canoa furada ou não? Pois é, com a alta demanda, o risco de levar gato por lebre também aumenta. Muitas vezes, pela pressa de comprar um carro, o consumidor pode levar uma grande dor de cabeça para a garagem.

Em julho foram negociados 1.061.013 unidades no Brasil, de acordo com boletim da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Segundo a entidade, trata-se do melhor desempenho para o período desde 2003.

Receita

E os fatores que elevaram o passe dos veteranos não são surpresa: inflação do carro novo e fuga do transporte público (devido à pandemia do Covid-19). 

Trata-se de um fenômeno que vem evoluindo desde o ano passado. Até o início de 2020, o cidadão tinha se habituado a utilizar o transporte por aplicativo. Apesar de mais caro que uma passagem de ônibus, era mais rápido, cômodo e seguro. Esse cenário impactou no segmento de usados (que sempre vendeu bem), mas na precificação dos carros.

Mas com o agravamento da pandemia, o deslocamento de ônibus e carros de aplicativos se tornou uma preocupação para o cidadão. Daí, a solução era comprar um carro. O problema é que as montadoras foram impactadas pelo vírus. Tiveram plantas paralisadas, o que provocou um efeito dominó na cadeia produtiva. 

Para gigantes como Fiat, General Motors e demais fabricantes, passar o cadeado por algumas semanas pesa no bolso, mas não a ponto de quebrar. Já para o fornecedor o buraco é bem mais embaixo. Tudo isso fez com que a produção de automóveis saísse do eixo.

Hoje o setor convive com escassez de componentes e a previsão mais otimista da Anfavea é que o cenário se normalize no segundo semestre de 2022. Ou seja, a fila do carro novo vai continuar longa.

Assim, seguindo a lógica do “se não tem tu, vai tu mesmo”, o consumidor foi atrás do usado. O problema é que o usado também encareceu. Só para ter uma ideia, o líder de vendas entres os veteranos, segundo a Fenabrave é o Volkswagen Gol.

Em fevereiro de 2020, um Gol Comfortline 1.0, 2017 era avaliado por R$ 36,5 mil pela tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Hoje, o mesmo carro é avaliado em R$ 39.921, sendo que ficou um ano e meio mais velho.

Ou seja, uma inflação de aproximadamente 10%, que fez com que o esforço para comprar se tornasse maior. 

Procedência

O problema do usado (não que o carro novo seja livre de falhas) é seu estado de conservação. Na hora de fechar o negócio, o vendedor jura pela própria mãe que o carro é impecável. Sendo que na prática nem sempre é assim. 

O ideal usado é aquele do seu tio, vizinho, irmão, que você sabe que nunca bateu e nem mergulhou numa enchente. O problema é que nem sempre tem uma jóia dessas dando sopa por aí.

Assim, é preciso verificar se o carro já se envolveu em acidentes ou sinistros. Há ferramentas na Internet que permitem fazer esse rastreio. 

Outra dica é passar os dados do carro para seu corretor de seguro para que ele simule uma cotação de apólice. Se o veículo tiver sofrido sinistro, ele não conseguirá dar andamento. E claro, sempre leve o carro para seu mecânico de confiança dar a palavra final.

Se o amigo não tiver um, há outros macetes para verificar se o carro está ou não em boas condições é verificar peças. Alguns detalhes podem revelar o asseio do proprietário como: bateria de marcas baratas, reservatório do radiador sem líquido refrigerante (que é colorido), pneus de marcas diferentes pelo carro, principalmente no mesmo eixo.

Verifique as borrachas das portas, puxe-as para ver se não ha emendas (o que indica que a carroceria já sofreu colisão lateral). Verifique se há diferença nos espaços dos encaixes de portas, para-lamas, porta-malas. Todos devem ter a mesma distância. Use o dedo mindinho como referência ou uma chave.

Desgaste do volante, laterais dos bancos e dos pedais indicam que o carro já rodou muito mais do que o que está indicado no hodômetro. 

Certificado

Outra opção é buscar revendas que oferecem certificação de procedência. Marcas de luxo como BMW e Audi já contam com setor de seminovos atestados. No entanto, nem todo mundo pode levar para casa um carro de luxo e precisa focar em algo mais mundano.

De acordo com o diretor da rede Carbig.com, Felipe Pessoa, esse laudo trata-se de uma tranquilidade para o cliente. “Os carros que comercializamos são vistoriados e passam por uma rígida inspeção e certificação de dados, incluindo quilometragem. Só depois de toda essa conferência que o carro é colocado à venda”, garante. 

Mas, mesmo assim, leve seu mecânico ou alguém que conheça bem de carros. Pois assim, o amigo se garante de levar um automóvel que vá realmente resolver seu problema e não criar outro.

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