Ferrous desiste de construir mineroduto e vai usar linha férrea da MRS

Hoje em Dia
06/10/2013 às 07:29.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:06

Leitores deste jornal souberam nesse sábado (5) que a Ferrous Resources do Brasil decidiu que não precisa mais de um mineroduto para multiplicar por dez, até 2017, a produção da mina de Viga, em Congonhas, que está hoje em 1,5 milhão de toneladas por ano. O minério de ferro será transportado pela ferrovia da MRS até o litoral do Espírito Santo. Com isso, deixa de consumir água doce no transporte, um bem valioso e que escasseia no Quadrilátero Ferrífero.

O projeto reformulado será apresentado amanhã pela empresa na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Mesmo se não forem convidados para o evento, ambientalistas que promoveram a “Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous” estarão atentos. O que eles querem não é apenas o adiamento do projeto do mineroduto, mas seu abandono definitivo em favor do transporte ferroviário que, embora mais dispendioso, é ecologicamente melhor.

Não é decisão fácil para uma empresa controlada por investidores estrangeiros que têm, como objetivo, o lucro. A reação dos ambientalistas e a dificuldade para conseguir as licenças ambientais devem tê-la ajudado a decidir. A Ferrous investiu muito na elaboração do projeto do mineroduto de 400 quilômetros e na compra das terras por onde as tubulações passariam, ligando Congonhas ao litoral capixaba. Agora se diz que o projeto para a ampliação da produção de minério, sem o mineroduto e o terminal marítimo, está orçado em US$ 1,3 bilhão. O BNDES já teria assegurado financiamentos de US$ 1 bilhão.

A Ferrous já possui todas as licenças ambientais para a implantação da mina de Viga. As dificuldades se relacionavam ao mineroduto e ao terminal. O governo tem interesse no sucesso do empreendimento, tendo em vista os impostos a serem arrecadados. Eles são estimados em mais de R$ 170 milhões. A geração de empregos não passa de 2,5 mil.

Além da mina em Congonhas, a Ferrous extrai minério de ferro em Brumadinho e em Itatiaiuçu. No ano passado, a produção nas três minas somou aproximadamente 3,2 milhões de toneladas, e a previsão para este ano é de aumento de 60%.

Uma boa notícia, não apenas para os ambientalistas mineiros, seria se o novo marco regulatório da mineração, em análise pelo Congresso Nacional, tornasse mais benéfica para Minas a atividade mineradora. Os impostos arrecadados, incluindo os royalties – e os empregos gerados – pouco têm compensado os prejuízos com a depredação ambiental.  

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