
Call of Duty: Black Ops é um dos melhores jogos de tiro do mercado. Tinha uma história incrível de conspiração, Crise dos Mísseis, Vietnã, uma trilha sonora fantástica. Era um filme de guerra com espionagem com o jogador no papel principal.
Foi um arraso, com notas altíssimas. A Activision ficou feliz e pensou: vamos repetir a receita, mas vamos dar ênfase ao multiplayer. E foi isso que ela fez.
E tem feito ao longo de 15 anos, sempre dando mais ênfase às disputas online. Black Ops 7 chegou há pouco ao mercado. Os produtores levaram a trama para o futuro, com um grande facínora fictício no centro das atenções.
Em dias de geopolítica estremecida, não convém fazer propaganda ideológica com personagens reais e provocações explícitas. A própria Casa Branca faz isso de graça.
Mas a trama é uma sequência que une a franquia desde seus primórdios, no período da Segunda Guerra Mundial até a esse imaginário 2035.
No entanto, chegar ao jogo é um sofrimento sem fim. Black Ops 7 passou a exigir um novo protocolo de segurança contra trapaças. Assim, se o amigo for jogar no PC, terá que fazer alterações na BIOS. Isso mesmo! Tem que ir na configuração da máquina e ajustar o boot (inicialização) sempre no modo UEFI.
Em tese é uma tarefa simples, mas para quem não é familiarizado com esse espinhoso campo de configuração, sempre há o risco de clicar em alguma coisa errada e transformar o PC num monolito até que um técnico reverta a lambança.
Além disso, ele também exige alterações na configuração do Windows, que precisa rodar o módulo de plataforma confiável TPM 2.0. Uma tarefa que também exige um conhecimento na matéria. Dá para fazer com tutoriais de Internet? Dá, mas nem sempre gera resultado.
Sem isso resolvido, o jogo não roda. O problema é que o jogador só irá descobrir isso depois de gastar uma pequena fortuna de R$ 350 (na versão básica) ou R$ 480 (na Edição Cofre). Claro, também é preciso ter pelo menos 220 GB disponíveis para armazenar todos os módulos do jogo.
Depois de tudo resolvido, também será preciso atualizar a placa de vídeo. O processo é simples e na própria tela do jogo há um encaminhamento para o update.
Toda essa brincadeira levou pelo menos três dias. A configuração levou metade de um sábado. E depois de tudo isso, você descobriria que precisaria baixar os demais conteúdos, como Multiplayer, Zombie e Warzone.
O protocolo contra trapaças foi uma maneira que a Activision encontrou para manter sua base de jogadores disposta a continuar na franquia. Afinal, não há nada mais revoltante que jogar com picaretas que utilizam de códigos e alterações para se beneficiarem.
O problema é que o protocolo também é exigido no modo campanha. Assim, o jogador que só queria fazer sua missão em paz, precisa de todo esse trabalho.
Se não bastasse, a campanha é curta e com enredo pouco envolvente. Futurista, há um monte de recursos que “facilitam” a vida do jogador.
Devemos admitir que a qualidade dos vídeos impressiona. Tudo muito bem feito e é possível reconhecer Milo Ventimiglia (o papai Jack de This Is Us) imediatamente. Mas só isso não convence. O gameplay é raso e com uma visão de futuro próxima pouco convincente.
Assim, se perder três dias configurando o jogo, com receio de apertar algum comando errado na máquina, foi frustrante, pior foi para quem desembolsou quase R$ 500. Tem que ser muito fã para vencer todas as batalhas antes da guerra começar para valer.