
A Polícia Militar (PMMG) voltou a escoltar caminhões-tanque para abastecer postos da capital mineira com gasolina. A ação gerou uma corrida aos estabelecimentos e enormes filas se formaram. Conforme nota do Minaspetro, inicialmente apenas postos das redes Ipiranga e Shell receberam o insumo.
Segundo o major Flávio Santiago, chefe de comunicação da PMMG, a corporação optou por não divulgar mais os endereços dos postos abastecidos nem o número exato de estabelecimentos contemplados, como ocorreu anteontem.
“Sobre a informação de quantos postos vão ser abastecidos, isso não será mais divulgado para não comprometer um planejamento dinâmico que está em curso para lidar com a falta de combustíveis. Mas teremos, no mínimo, a mesma quantidade do primeiro dia. O que começou na segunda-feira foi um processo de normalização da situação, que está sendo continuado e será ampliado enquanto durar a greve. A PM ajudará até lá”, disse o major Santiago.
Ao todo, nos dois últimos dias, a PM ajudou a abastecer cerca de 60 postos, dos mais de 400 na cidade, com média de 30 mil litros por unidade.
Mesmo com apoio dos policiais, a gasolina não foi suficiente. No Posto Picapau, na avenida Tereza Cristina, no Barro Preto, vários motoristas dormiram na fila, como o motoboy Silas Alvarenga, de 28 anos.
“Muita gente ficou sem, claro. Mas eu sabia que nesse posto ia ter combustível, então, pedi um dia de dispensa do trabalho para ficar aqui na fila. Valeu a pena, mas tem sido sofrido ficar nessa saga atrás de gasolina”, disse o motoboy.
TIRO NO ESCURO
Até mesmo nos postos que não estavam programados para receber combustível com escolta da PM houve grandes filas.
No Posto Pio XXII, na avenida do Contorno, no bairro Santo Agostinho, a gasolina só chegou por volta das 11h de ontem. Porém, dezenas de motoristas fizeram uma enorme fila desde a noite de anteontem, causando congestionamento na região.
“Parece que esse posto não ia receber gasolina na segunda, só na terça. Acabei vindo porque um amigo meu estava aqui e garantiu que teria. O problema é que a fila não foi respeitada, muita gente tinha dormido aqui e acabou sendo passada para trás no outro dia”, disse o microempresário Wellington Parreiras, de 47 anos.
Ação da Polícia Civil busca evitar preço abusivo nos estabelecimentos
Para evitar os preços abusivos da gasolina denunciados por consumidores em Belo Horizonte, a Polícia Civil realizou uma grande operação de fiscalização ontem.
Foram vistoriados 25 postos em toda a cidade, com atuação de 32 policiais civis, além de delegados. Apesar disso, nenhum posto de gasolina foi flagrado, durante a operação, cobrando preços abusivos.
Segundo o delegado da 7ª Divisão de Fraudes, Rodrigo Bustamante, responsável pela operação, o fato de a fiscalização ter começado na última quarta-feira contribuiu para que os proprietários de postos de combustíveis passassem a adotar “preços normais”.
Segundo a orientação da Polícia Civil, os postos flagrados cobrando um acréscimo maior a 1/5 do valor do combustível praticado antes do desabastecimento poderão ter o gerente autuado e o proprietário poderá responder a processo por descumprir a Lei 15,021/1951. “Vamos continuar fiscalizando até que o abastecimento dos postos seja normalizado”, disse o delegado.
Procon
Segundo o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, o consumidor que se deparar com qualquer produto com preço abusivo deve denunciar o estabelecimento. Para fazer a denúncia, o cidadão deve apresentar a nota fiscal da compra ou fotos e vídeos que comprovem a ilegalidade no preço da mercadoria.
“O proprietário do estabelecimento pode responder cível e criminalmente por três crimes, além de pagar multa que pode variar entre R$ 400 e R$ 8 milhões”, afirma Barbosa.
Ainda de acordo com Barbosa, no caso dos combustíveis, o consumidor deve procurar o Procon estadual em Belo Horizonte. Já os moradores de cidades do interior devem buscar o Procon municipal ou o promotor de Justiça da cidade. (Jânio Fonseca).