perna curta

1º de abril: saiba como surgiu o Dia da Mentira

João Lucas Salgado Machado
Especial para o Hoje em Dia
31/03/2022 às 22:18.
Atualizado em 01/04/2022 às 12:31

Muita gente pode até negar, mas a verdade é que todo mundo mente. Imagine o constrangimento ao se encontrar com um conhecido na rua e, por educação, você pergunta como vai a vida e ele diz mesmo como se sente? Talvez conte que o emprego está ruim, que falta dinheiro, que os filhos dão muito trabalho ou que não aguenta mais a sogra. Mas o mais comum é responder simplesmente: “Tudo ótimo e com você?” Pelo menos é o que se espera. 

Pequenas mentiras fazem a vida ficar mais fácil. Segundo psicólogos, as pessoas mentem para evitar o sofrimento e conseguir objetivos com mais tranquilidade. A prática é tão disseminada que já ganhou até um dia no calendário. 

Dia da Mentira 
Foi na França do século XVI que a mentira ganhou uma data especial. Na época, o ano novo era comemorado a partir do dia 25 de março, com a chegada da primavera na Europa. As festas duravam uma semana, só terminando no dia primeiro de abril. 

Havia troca de presentes, bailes e muita festa, até que, em 1582, o papa Gregório XIII criou um anuário para todo o mundo cristão. E o ano novo passou para o dia primeiro de janeiro. 

O chamado calendário gregoriano foi adotado imediatamente pela Espanha, Itália, Portugal e Polônia. Mas a novidade não agradou ao rei da França, que só fez a mudança dois anos depois. 
Mesmo assim, houve quem não aceitasse a nova folhinha e continuasse comemorando a virada do ano em março. Resultado: esses desobedientes acabaram apelidados de “os bobos de abril”. Daí, surgiu o Dia da Mentira. Dois séculos depois, a tradição chegou à Inglaterra e para boa parte do mundo. 

De brincadeira a doença 
Brincadeiras à parte, a mentira pode se tornar motivo de preocupação. Segundo especialistas em comportamento e na psiquê humana, quem mente compulsivamente sofre de um distúrbio de personalidade chamado mitomania. São pessoas que contam mentiras sobre todos os assuntos de sua vida, sem nunca demonstrar constrangimento quando são descobertas. E podem chegar a extremos para sustentar suas invenções, a ponto de elas mesmas acreditarem em suas histórias.

Na tela
E mentirosos famosos andam ganhando espaço na telinha, como é o caso de Simon Leviev, que alcançou notoriedade mundial com o documentário "O Golpista do Tinder", da Netflix. Ele é acusado de enganar mulheres que conhecia por meio do aplicativo de relacionamentos. 

Leviev se passava por herdeiro de uma empresa de diamantes (Reprodução do Instagram)

Leviev se passava por herdeiro de uma empresa de diamantes (Reprodução do Instagram)

As vítimas contam que Leviev se passava por herdeiro de uma empresa de diamantes. Levava uma vida de milionário, esbanjando dinheiro em viagens, hotéis de luxo para conquistar mulheres. Depois, pedia dinheiro para fugir de supostos inimigos que o perseguiam e ter as contas bancárias bloqueadas. 

Outra mentirosa que ganhou os holofotes e virou série da Netflix é Anna Sorokin. Nascida na Rússia, ela se mudou para Nova York, onde se tornou Anna Delvey. A falsa herdeira alemã, com uma fortuna imaginária avaliada em 60 milhões de euros, fingia ser socialite para enganar ricos e famosos até ser presa.

Atriz Júlia Garner interpreta falsa herdeira que mentia para levar vida de milionária em série da Netflix (Netflix / Divulgação)

Atriz Júlia Garner interpreta falsa herdeira que mentia para levar vida de milionária em série da Netflix (Netflix / Divulgação)

“Esta é uma história totalmente verídica. Exceto pelas partes que foram inventadas”. Já na abertura da série já dá para entender como a mentira está no DNA da história, inspirada em um artigo da revista americana New York Magazine. Os episódios mostram a vida de luxo de Anna, com roupas de grife e viagens internacionais, tudo bancado com dinheiro dos outros. Ela dizia que tinha problemas com o pai, que dificultava o envio de dinheiro para sua conta. A impostora teria conseguido até um empréstimo de US$ 40 milhões para criar uma fundação de arte.

A mentira na literatura 
Mas um dos mentirosos mais famosos do mundo era um boneco de madeira que sonhava ser um menino de verdade. Pinóquio estava longe de sofrer de mitomania, mas ficou famoso como personagem do romance “As Aventuras de Pinóquio”, do italiano Carlo Collodi. 

Pinóquio, o mentiroso mais famoso da literatura infantil (João Lucas Salgado Machado)

Pinóquio, o mentiroso mais famoso da literatura infantil (João Lucas Salgado Machado)

O boneco esculpido por Gepeto, um entalhador de uma pequena vila italiana, acabou ganhando vida. Mas o nariz crescia a cada vez que ele contava uma mentira. No fim, tudo terminou bem, com a ajuda de uma fada. No mundo real é mais ou menos assim. Todos contamos algumas pequenas mentiras, desde que com parcimônia, porque, por aqui, não há fada para ajudar ninguém.

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