Francisco Vera

Ativista colombiano de 14 anos vem ao Brasil falar sobre direitos ambientais das crianças

Visita de Francisco Vera marca Dia da Amazônia, celebrado nesta terça

Agência Brasil
Publicado em 05/09/2023 às 08:11.
Francisco Vera, ativista infantil colombiano, apresenta demandas relacionadas aos direitos das crianças em relação às mudanças climáticas (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Francisco Vera, ativista infantil colombiano, apresenta demandas relacionadas aos direitos das crianças em relação às mudanças climáticas (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Foi assistindo às notícias sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia, em 2019, que o jovem colombiano Francisco Vera decidiu ingressar no ativismo ambiental. “As notícias foram muito impactantes para mim e me fizeram refletir e tomar atitudes”. Uma dessas atitudes foi formar o movimento Guardiões pela Vida, que hoje reúne cerca de 700 crianças e jovens de todo o mundo para defender pautas ligadas aos direitos humanos e ao meio ambiente. 

Atualmente com 14 anos, Francisco veio ao Brasil para conhecer a Amazônia e também para conversar com autoridades políticas e governamentais sobre o tema. “A Amazônia é fundamental não só para o Brasil, mas para todo o mundo. É o pulmão do mundo, e sua situação é chave para o nosso futuro”, disse Francisco em entrevista exclusiva à Agência Brasil. 

Ele entregou à ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, a “Declaração da Ecoesperança”, documento que reúne demandas de crianças e jovens relacionadas ao meio ambiente, como educação ambiental e climática, políticas reais de adaptação às alterações climáticas nos territórios e maiores espaços de representação e participação em espaços reais de tomada de decisão. 

“As crianças e os jovens têm uma força muito grande, porque são os fiéis depositários dos bens naturais que os nossos países possuem. Nós, como autoridades, temos a obrigação de entregar um mundo igual ou melhor do que aquele que encontramos. Então, o ativismo, o empenho deles, além de ser uma força política importante, cria um constrangimento ético para aqueles que, podendo mais e tendo mais meios para agir, não estejam fazendo a sua parte”, disse a ministra à Agência Brasil, após a visita de Francisco. 

Ela lembrou com emoção o início de seu envolvimento com questões políticas e ambientais, quando tinha 17 anos, ao lado do líder seringueiro Chico Mendes. Francisco também entregou à ministra um livro infantil de sua autoria, que explica de maneira didática como é o processo de mudanças climáticas.
Em 2024, o governo deverá retomar a realização da Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, iniciada em 2003. Segundo a ministra, o evento voltado ao fortalecimento da cidadania ambiental nas escolas e comunidade foi uma sugestão de suas filhas, quando ainda eram crianças “Nós íamos fazer a Conferência do Meio Ambiente dos adultos, e eu estava em casa lendo o material. Elas chegaram e perguntaram: ‘vai ter uma para criança?’ Eu fiquei com aquilo na cabeça e pedi para fazer uma versão para as crianças”, contou Marina. 

Ela lembrou que o desmatamento na Amazônia já registrou redução de 66% em julho.“Ainda temos muito trabalho. O presidente Lula está comprometido com o desmatamento zero na Amazônia até 2030”. 

Representantes do Instituto Alana, organização da sociedade civil que atua pelos direitos das crianças, também participaram da reunião com a ministra. “Esperamos que haja uma resposta do Brasil para políticas integradas na questão climática que olhem para os direitos das crianças. Como podemos escutá-las e ter a participação delas de maneira mais ativa”, explica o gerente de clima e meio ambiente do Alana, JP Amaral. 

Futuro 
Para o futuro, Francisco ainda não definiu se investe na carreira política ou se dedica à ciência. “Me interessa muito ser cientista, ou algo assim”. 

A mãe do jovem, Ana Maria Manzanares, garante que o filho é muito dedicado aos estudos e tira notas boas, mesmo com tantas viagens em defesa de suas ideias. “É um grande desafio, mas me sinto muito feliz, é uma grande honra”, diz a mãe. Os dois estão no Brasil há uma semana e já passaram por Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo para participar de outros eventos. 

Nascido na Colômbia, o jovem se mudou com a família há dois anos para Barcelona, na Espanha, por questões de segurança. “O fato de falar sobre o meio ambiente desencadeou uma série de ameaças que colocavam em risco a minha segurança e a da minha família. Mas agora estou seguro”, diz Francisco.

Recentemente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nomeou Francisco Vera como o primeiro jovem defensor do meio ambiente e da ação climática para a América Latina e o Caribe.

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