Número de mortes por Covid-19 entre adolescentes de 12 a 17 anos caiu durante o período mais crítico da pandemia em 2022 e aumentou crianças abaixo de 12, principalmente menores de 5, revela estudo do Instituto Leônidas & Maria Deane, da Fiocruz Amazônia, da Universidade do Estado do Amazonas e da Universidade Federal de Pelotas,
Esse padrão se repetiu em junho de 2022, durante a chamada “quarta onda” de contágios, devido à baixa adesão à vacinação infantil, de acordo com a Fiocruz.
“Nos adolescentes de 12 a 17 anos, vacinados ainda em 2021, observamos uma queda significativa de 40% na mortalidade por Covid-19 no período mais crítico da terceira onda, de 23 de janeiro a 12 de fevereiro de 2022, em comparação com o período mais crítico da segunda onda (14 de março a 3 de abril de 2021)”, explicou o epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana. Segundo ele, nas crianças de 5 a 11 anos, houve aumento de 74% na mortalidade pela doença, comparando com o período mais crítico deste ano com o pior de 2021.
“Esse padrão de aumentos nas mortes de crianças se repetiu e foi de 82% naqueles de 2 a 4 anos e de 54% em crianças de 0 a 1 ano. Portanto, nas crianças, as taxas de mortalidade foram iguais ou piores do que em fases anteriores da epidemia, se contrapondo ao registro de queda consistente e forte dos adultos, reforçando não só a efetividade da vacina contra Covid-19, mas também a importância do seu uso oportuno e massivo”, afirmou Orellana.
Os cientistas analisaram 408.120 registros de óbitos, com 0,34% (1.407 mortes) ocorrendo antes dos 18 anos e 64,6% (263.771) em pessoas com 60 anos ou mais. ‘Observaram-se padrões opostos na mortalidade por Covid-19 no Brasil, com crianças majoritariamente não vacinadas ou insuficientemente protegidas pela vacinação em massa de um lado, e apresentando taxas de mortalidade iguais ou maiores do que em fases anteriores da epidemia e, de outro, consistente e forte padrão de queda em indivíduos incluídos na campanha nacional de vacinação”, analisou o epidemiologista da Fiocruz Amazônia.
O pesquisador salientou que o impacto da mortalidade pelo coronavírus em crianças segue aumentando no Brasil, sobretudo naquelas que ainda não foram vacinadas. Durante o levantamento, outro ponto importante identificado foi o da forte queda da mortalidade em adultos no Brasil, muito provavelmente devido ao efeito protetor das vacinas e mesmo em contexto de ampla circulação da variante Ômicron, muito mais contagiosa do que as versões originais da Covid.
O estudo será publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
(*) Com Agência Fiocruz.
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