“Quando se trata de escorpiões, quanto maior, melhor”, diz o arqueólogo aventureiro Indiana Jones (Harrison Ford) a seu filho recém-picado no filme Reino da Caveira de Cristal (2008). Essa fala do famoso personagem de Hollywood acabou se provando verdadeira, segundo estudo publicado em março na revista científica Toxins.

Pesquisadores da Universidade Nacional da Irlanda em Galway testaram a teoria do Indiana Jones e descobriram que escorpiões pequenos com pinças menores têm veneno mais potente do que seus parentes maiores. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2020, foram registrados cerca de 149,7 mil casos de picadas de escorpiões no Brasil.

O estudo recém-publicado analisou 36 espécies do aracnídeo. “Os menores escorpiões em nossa análise, como o amarelo do Brasil (Tityus serrulatus), se mostraram potência mais de 100 vezes maior do que as maiores espécies estudadas, como o escorpião das rochas”, informa a universidade irlandesa em comunicado divulgado nessa quinta-feira (21).

Os escorpiões mais potentes tinham corpos pequenos, mas também pinças menores. Os cientistas descobriram que mesmo espécies como o escorpião de garras grandes, que têm tamanho menor, dependem das pinças maiores, já que o veneno é relativamente fraco. Por outro lado, uma espécie de corpo e pinça pequenos, como o escorpião amarelo da Palestina (Leiurus quinquestriatus), pode ser muito perigosa para os seres humanos, principalmente crianças ou pessoas alérgicas.

Compreender a conexão entre o tamanho do escorpião e a potência do veneno pode ajudar na criação de tratamentos mais adequados, afirmam os autores.