atraso na vacinação

Excesso de mortes: gestantes e puérperas sofreram mais com a pandemia do que a população em geral

Da Redação*
19/01/2023 às 20:30.
Atualizado em 19/01/2023 às 20:37
No Brasil, a principal causa de morte materna é a hipertensão (Fhemig/Divulgação)

No Brasil, a principal causa de morte materna é a hipertensão (Fhemig/Divulgação)

Gestantes e mulheres que deram a luz há pouco foram mais penalizadas pela pandemia do que a população em geral. A conclusão é de um estudo do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (19/1).

Segundo o levantamento, em 2020, ano em que a Organização Mundial da Saúde decretou estado de pandemia em relação ao coronavírus, houve um excesso de óbitos maternos de 40%, quando comparado aos anos anteriores. 

De acordo com pesquisa que estimou o excesso de mortes maternas causadas direta e indiretamente pela Covid-19, mesmo considerando a expectativa de aumento das mortes em geral, em decorrência da pandemia, houve um excesso de óbitos de gestantes e puérperas 14%. 
A   no Brasil no ano de 2020, foi 

O artigo publicado no último dia 12 na revista cientifica BMC Pregnancy and Childbirth mostra que as chances de ser mulher negra, residir na zona rural e estar internada fora do município de residência entre os óbitos maternos foram 44, 61 e 28% maiores do que o grupo controle. Ao longo de 2020, o país registrou 549 mortes maternas por Covid-19, principalmente em gestantes no segundo e terceiro trimestre.

Foram identificadas, ainda, as características clínicas e manejo clínico das mulheres grávidas e puérperas atendidas por Covid-19. As chances de hospitalização de gestantes com diagnóstico de Covid-19 foram 337% maiores. 

Para as internações em UTI, as chances foram 73% maiores e o uso de suporte ventilatório invasivo 64% maior que os pacientes em geral com Covid-19 que morreram em 2020.

O estudo utilizou dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) para óbitos por Covid-19 nos anos de 2020 e 2021, e comparou com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade no ano de 2020 (quando já havia pandemia) e nos 5 anos anteriores, para estimar o número esperado de mortes maternas no país.

De acordo com o pesquisador Raphael Guimarães, a demora na imunização foi crucial para os resultados do estudo. “A rede de serviços parece ter sido mais protetiva às gestantes e puérperas, garantindo internações mais imediatas e direcionamento para a terapia intensiva e invasiva.

Contudo, o atraso do início da vacinação entre as grávidas e puérperas pode ter sido decisiva na maior penalização destas mulheres”, alertou o pesquisador.

Guimarães afirma que o cenário compromete o desafio de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 em um panorama global. 

“Destacamos ainda que o excesso de óbitos teve a Covid-19 não apenas como causa direta, mas inflacionou o número de mortes de mulheres que não conseguem acesso ao Pré-Natal e condições adequadas de realização do seu parto no país”, pondera o principal investigador do estudo.

O cientista reflete que é importante reconhecer que a Covid-19 não atingiu de forma homogênea todos os grupos sociais e demográficos. Isso significa que as estratégias de monitoramento e intervenção devem ser orientadas por perfis e demandas específicas, garantindo a premissa da equidade das políticas públicas, incluindo as políticas de saúde. 

O estudo mostrou que a morte materna é marcada pelas iniquidades sociais, que têm relação estreita com a oferta de serviços de qualidade.

*Com informações da Fiocruz

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