Administrar uma empresa não é simples. Para quem precisa conciliar negócios e  maternidade, então, é ainda mais desafiador. Mas foi justamente no dia a dia com os filhos que muitas mulheres desenvolveram habilidades valiosas para liderar e conquistar sucesso profissional. Práticas como escuta ativa, sensibilidade nas decisões e cuidado com o outro, comuns em casa, fazem toda a diferença na gestão de uma equipe. 

A partir de experiências reais, íderes contam como a maternidade proporcionou práticas valiosas para uma boa gestão que nenhum MBA ensina.

“Nenhum MBA te prepara para lidar com a complexidade das relações humanas”, afirma Vanessa Hackmann, 47 anos, mãe do Antônio Carlos (31), Jéssica (30) e Abner (19). Franqueada da 3i Residencial Sênior, rede para idosos lúcidos e não-lúcidos, ela começou como técnica em enfermagem na empresa há cerca de 10 anos. 

Como mãe de três, aprendi a reconhecer as particularidades de cada um e a responder com sensibilidade às diferentes situações”. Para o mundo dos negócios, leva a mesma filosofia: agir com justiça, assumir os próprios erros e buscar constante evolução. “Na criação dos filhos, temos o dever de fazer o certo. No empreendedorismo, o princípio é o mesmo”, pondera Vanessa. 

“Ouvir a intuição materna resolve os problemas de forma mais suave”

Helenise Garcia, 49 anos, mãe de Murilo (18) e Lara (15), é franqueada Fast Tennis, rede de academia de tênis
Na gestão de uma operação em Belo Horizonte (MG), foi na pandemia da Covid-19 que ela decidiu ter o próprio negócio com foco em atividade física. E garante que os maiores aprendizados como empreendedora são resultados de experiências vividas após o nascimento dos filhos.

“Ouvir minha intuição materna me ajuda a resolver problemas de forma leve e, com frequência, acontecem episódios que envolvem clientes em situação delicada ou colaboradores em que preciso seguir esse instinto", relembra. "Aprendi com a maternidade o sentido de continuidade da vida, de me preocupar com o futuro onde eu não estarei presente. Aprendi que não tenho o controle de tudo, mas o futuro melhor para os meus filhos depende das minhas atitudes hoje”, destaca.

"Cuide das pessoas como você cuida da sua casa"

Aos 56 anos, 37 deles de atuação no mercado financeiro, Valéria Matos agora dedica-se à gestão de duas unidades da franquia de lavanderias self-service Lavô. A mãe de Thais (29) e Camilla (23) diz que a maternidade a ensinou a montar estratégias com margem para imprevistos e a tomar decisões considerando não apenas o presente, mas também o impacto futuro.

“Meu conselho: cuide das pessoas como você cuida da sua casa — com atenção, escuta e presença. Assim como fazemos com os filhos, é importante estabelecer limites claros, mas também acolher, orientar e celebrar cada conquista, por menor que pareça”, orienta.

"Nem sempre o que a maioria deseja é o melhor para todos"

Após enfrentar dificuldades para encontrar vacinas complementares para os filhos, Rosane Argenta decidiu empreender no ramo e criar, junto com o marido, Fábio, a Saúde Livre Vacinas. Hoje como CEO da rede de clínicas, a mãe de três filhos diz que o verdadeiro papel de uma líder é pensar no bem coletivo - assim como na maternidade. 

“Nem sempre o que a maioria deseja é o melhor para todos. É preciso tomar decisões pensando no bem comum, mesmo que isso signifique ir contra a maioria",diz a empresária, acrescentando que a maternidade a ensinou a dizer 'não' com amor também nas relações de negócios. "Posso divergir de opiniões, mas explico com clareza por que acredito que outro caminho será melhor”.