O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne nesta quarta-feira (29) com ministros para alinhar as ações do governo federal no Rio de Janeiro. O encontro ocorre após uma megaoperação policial no estado que resultou em pelo menos 64 mortes. A operação mirou a facção criminosa Comando Vermelho e se tornou a mais letal da história do Rio de Janeiro.

O presidente estava em voo de volta ao Brasil, após uma viagem de uma semana pela Ásia, quando o confronto entre a polícia e traficantes gerou uma crise de segurança no estado fluminense. Lula desembarcou em Brasília na noite desta terça-feira (28) e, ainda na base aérea, conversou por telefone com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, recebendo a atualização sobre a situação no Rio.

Durante a tarde, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que estava como presidente em exercício, convocou uma reunião com ministros para definir uma primeira linha de ação no âmbito federal.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), solicitou ao governo federal dez vagas em presídios federais de segurança máxima. O pedido foi autorizado, permitindo a transferência de presos que lideram organizações criminosas no Rio.

Ficou acertado também que os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil), e o diretor-executivo da Polícia Federal, William Murad, viajarão ao Rio de Janeiro nesta quarta-feira. O objetivo é discutir ações conjuntas de inteligência com o governo estadual.

Ao longo da terça-feira (27), com o agravamento do cenário no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro e o governo federal trocaram acusações. Em uma entrevista coletiva sobre a operação, o governador Cláudio Castro (RJ) afirmou que estava "sozinho", alegando falta de ajuda da União. Ele mencionou ter solicitado diversas vezes ao longo do ano empréstimos de veículos blindados das Forças Armadas.

Após as declarações do governador, Rui Costa ligou duas vezes para Castro para cobrar esclarecimentos sobre a fala, segundo o colunista do g1 Gerson Camarotti. O ministro afirmou a Castro que o governo federal nunca recebeu um pedido de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por parte do governo do Rio de Janeiro.

Em nota, o Ministério da Defesa informou que o governo do Rio de Janeiro havia pedido às Forças Armadas, em janeiro deste ano, o fornecimento de veículos blindados para a capital fluminense após a morte de uma militar da Marinha no Hospital Naval Marcílio Dias. A nota esclarece que essa medida foi focada na segurança da área do hospital e dos militares que circulam no local, não tendo relação com a megaoperação policial desta terça-feira.