Moradores levam mais de 60 corpos para praça na Penha; mortes não estão em contagem oficial
Polícia Militar não confirma ligação das mortes com a ação, que já contabiliza 64 óbitos
Sessenta e quatro corpos foram levados para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, entre a noite de ontem e a manhã desta quarta-feira (29), um dia após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro. Uma caminhonete com mais corpos chegou ao local por volta das 8h. Os cadáveres foram resgatados por moradores de uma área de mata próxima.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) informou, na manhã de hoje, que esses corpos não estão na contagem oficial das 64 mortes confirmadas pelo governo do Rio ontem. O comandante da PM afirmou, no entanto, que não é possível confirmar, até o momento, se as mortes têm ligação direta com a operação policial.
Os corpos foram retirados da mata e transportados pelos próprios moradores até a praça. Equipes da Defesa Civil estão no local para auxiliar na remoção dos cadáveres. Segundo uma testemunha, os mortos apresentam marcas de tiros na nuca e de facadas.
O Instituto Médico Legal (IML) foi fechado para receber exclusivamente os corpos das vítimas da operação. De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), todos os outros corpos que necessitarem de necropsia serão levados para o IML de Niterói.
Operação mais letal da história
A megaoperação, realizada ontem, prendeu mais de 80 suspeitos de integrar o Comando Vermelho (CV) e resultou na morte de ao menos 64 pessoas, tornando-se a ação policial mais letal da história do estado fluminense.
Outras nove pessoas ficaram feridas: três moradores e seis agentes, sendo quatro civis e dois militares. Entre os mortos confirmados pela polícia, estão lideranças da facção de outros estados que estavam refugiadas na região.
O número de mortos na Operação Contenção superou o da ação policial na favela do Jacarezinho, em 2021. Naquele ano, a incursão na comunidade da zona norte do Rio terminou com 28 mortes, sendo a mais letal do estado até então.
A ação de ontem mobilizou 2.500 agentes para cumprir mandados de busca e apreensão em diversas localidades da capital fluminense. A operação é resultado de um ano de investigação envolvendo o Ministério Público do Rio de Janeiro e busca desarticular lideranças do CV.