Quer engajar profissionais e reter talentos? Veja tendências do novo normal nas relações de trabalho
Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais, head hunter e colunista do Hoje em Dia fala sobre as transformações no ambiente corporativo e novos modelos de contratação

Em um ambiente corporativo transformado, como motivar a equipe e manter talentos? O desafio está posto e vencê-lo passa por flexibilidade, uso da tecnologia, cuidado com a saúde mental e adesão a novos modelos de contratação. Quem afirma é David Braga, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG). Head hunter e CEO da Prime Talent, o também colunista do Hoje em Dia aborda o tema em palestra exclusiva nesta quarta-feira (7), em Belo Horizonte.
O evento acontece na Casa do Porto, restrito a líderes empresariais mineiros. Mas em um cenário onde o engajamento está em baixa e a busca por propósito e bem-estar dita as escolhas profissionais, manter a pauta em destaque é também uma questão de sobrevivência - do negócio e de quem trabalha.
Por isso, nesta entrevista David Braga antecipa os principais pontos do “Novo Normal nas Relações de Trabalho” e compartilha insights sobre os caminhos do trabalho no presente e no futuro. Entre eles, o fato de que o modelo híbrido é mais que tendência: uma resposta estratégica às novas demandas do mercado e das pessoas. Confira.
Você defende que o modelo híbrido é o “novo normal”. Por quê?
Porque ele representa o equilíbrio entre produtividade e bem-estar. Hoje, as empresas que desejam manter seus talentos engajados precisam oferecer flexibilidade — seja com escritórios adaptáveis, horários mais fluidos ou tecnologia que viabilize o trabalho remoto de forma eficiente.
Como a tecnologia tem influenciado essa transformação nas relações de trabalho?
Ferramentas como Microsoft Teams, Zoom e plataformas de gestão têm sido fundamentais para a conexão entre equipes. Mas o impacto mais profundo vem da inteligência artificial generativa, como o ChatGPT e o Copilot, que estão redefinindo funções e exigindo requalificação constante dos profissionais.
O trabalho remoto internacional é uma tendência em crescimento?
Sem dúvida. Muitas empresas estão contratando talentos em outros países com base em competências e não em localização. Isso expande o leque de possibilidades, mas também exige que as lideranças saibam gerir equipes multiculturais e remotas.
Você costuma falar que “reter é coisa do passado”. O que quer dizer com isso?
Reter lembra prisão. O mundo atual pede vínculos genuínos, baseados em propósito, reconhecimento e crescimento. O colaborador precisa querer ficar. E isso se conquista com cultura organizacional forte, liderança empática e oportunidades reais de desenvolvimento.
Como a saúde mental se insere nesse novo cenário?
Ela é central. Os dados do Gallup mostram que o Brasil lidera índices de ansiedade, estresse e depressão no ambiente de trabalho. Políticas de saúde mental — como dias de desconexão, apoio psicológico e um ambiente seguro emocionalmente — são fundamentais para sustentar a performance a longo prazo.
A chamada “gig economy” - modelo de trabalho caracterizado pela prevalência de empregos temporários, freelances e projetos de curta duração, geralmente realizados através de plataformas digitais - é ameaça ou oportunidade?
É uma grande oportunidade. Muitos profissionais buscam autonomia e flexibilidade. Plataformas como Upwork e 99freelas permitem que talentos se conectem com projetos no mundo todo. As empresas, por sua vez, conseguem acesso a especialistas sob demanda, com agilidade.
Quais competências se destacam nesse novo cenário?
Mais do que habilidades técnicas, o que faz diferença hoje são soft skills como resiliência, adaptabilidade, colaboração e capacidade de aprender continuamente. O profissional do futuro é o que se reinventa sempre.
E a sustentabilidade no ambiente corporativo?
Ela deixou de ser um diferencial e virou obrigação. Empresas estão revendo modelos de trabalho para reduzir deslocamentos, adotar home office e alinhar-se a metas de carbono zero. Sustentabilidade também passa por cuidar de pessoas.
A estagnação na carreira e os salários abaixo da média são apontados como principais motivos para pedidos de demissão. O que as empresas precisam repensar nesse sentido?
As pessoas não querem apenas um emprego, elas querem evolução. Quando um profissional sente que não está se desenvolvendo ou sendo valorizado financeiramente, ele naturalmente começa a buscar outras oportunidades. As empresas precisam criar trilhas claras de crescimento, investir em capacitação contínua e revisar pacotes de remuneração e reconhecimento. Ficar parado, hoje, é perder talentos.
Quais são, na sua visão, os principais fatores que atraem — e retêm — bons talentos hoje?
As pessoas estão em busca de propósito, não apenas de emprego. Cultura forte, alinhada a valores reais, é um grande atrativo. Além disso, flexibilidade, crescimento profissional, reconhecimento constante e lideranças inspiradoras fazem toda a diferença. Salário competitivo é importante, claro, mas ele sozinho não sustenta a permanência. Empresas que investem em inovação, escutam suas equipes e promovem ambientes saudáveis emocionalmente têm muito mais chances de conquistar — e manter — os melhores talentos.
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