Pet

Raça influencia apenas 9% do comportamento do cachorro, revela estudo

João Paulo Martins
joao.oliveira@hojeemdia.com.br
03/05/2022 às 17:21.
Atualizado em 03/05/2022 às 17:29

Muita gente acredita que cães de determinadas raças são mais agressivos que outros, por exemplo, um pitbull naturalmente seria menos sociável que um yorkshire. Mas um estudo publicado na última terça-feira (29) na renomada revista Nature comparou o comportamento e a ascendência de mais de 18 mil cachorros e descobriu que, embora a ascendência afete o comportamento, a raça tem menos a ver com a personalidade do que se supõe.

“Quando você adota um cachorro com base na raça, está adquirindo um cão com uma determinada aparência. Mas no que diz respeito ao comportamento, é algo ligado apenas à ‘sorte’”, comentou a bióloga computacional Elinor Karlsson, da Universidade de Massachusetts em Worcester, nos EUA, em entrevista ao site da Nature.

Isso ocorre em parte porque as raças que conhecemos são uma espécie de “invenção moderna”. Os humanos têm moldado a aparência e o comportamento dos pets desde que foram domesticados a partir dos lobos, há mais de 10 mil anos. Mas grande parte desses esforços estavam focados na capacidade de trabalho dos animais, como pastoreio de gado e capacidade de puxar trenós.

Algumas raças, como beagles, pugs e labradores, são mais recentes, de cerca de 200 anos atrás, quando entusiastas de cães na Inglaterra começaram a criar animais selecionando características que consideravam esteticamente agradáveis, informa a Nature.

Mas, como Elinor Karlsson apontou à revista científica, “qualquer pessoa que tenha tido vários cães da mesma raça sabe falar tudo sobre as diferentes personalidades deles”.

Como foi o estudo
Para entender como a raça influencia o comportamento, o estudo recém-publicado contou com milhares de tutores voluntários que contaram as origens e as atividades de seus animais de estimação, inclusive se tinham propensão a comer grama ou perseguir motocicletas. Além disso, foram coletadas amostras de DNA dos pets para ver se a ascendência poderia estar ligada ao comportamento.

Os cientistas descobriram que alguns traços eram mais comuns em certas raças. Por exemplo, em comparação com um cão aleatório, os pastores alemães eram mais facilmente comandados, enquanto os beagles, nem tanto.

As análises genéticas revelaram que cachorros mestiços com uma ascendência específica eram mais propensos a agir de determinadas maneiras. Vira-latas com ascendência de são bernardo, por exemplo, eram mais afetuosos, enquanto os cães de rua descendentes da raça americana chesapeake bay retriever tinham uma propensão a destruir portas.

Mas, em média, a raça era responsável apenas por cerca de 9% do comportamento de um cão, um número “muito menor do que a maioria das pessoas, incluindo eu, esperaria”, comentou Elinor Karlsson à Nature. Ainda mais baixa foi a conexão entre a raça e a probabilidade de um cachorro exibir comportamento agressivo, o que pode ter implicações em como a sociedade trata as raças supostamente “perigosas”, de acordo com os pesquisadores.

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por