Cerca de US$ 3 bilhões serão investidos pelo setor de mineração para descaracterização de barragens no Estado, para evitar tragédias como a de Brumadinho (Hoje em Dia)
O setor de mineração em Minas Gerais viu seu faturamento desabar em 2022 puxado, principalmente, pela queda na demanda chinesa por minérios. O país asiático continua buscando uma saída para a recessão provocada pela pandemia de Covid-19, o que gera impacto direto nas exportações brasileiras.
Foram nada menos que R$ 43 bilhões de redução no faturamento das mineradoras no Estado, o que representa uma queda de 30%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) nesta terça-feira (7).
Apesar do rendimento bem inferior ao de 2021, Minas Gerais ainda conseguiu recuperar o primeiro lugar no ranking dos estados que mais faturaram com a extração mineral em 2022. Os mineiros ultrapassaram o Pará, que em 2021 tinha ficado no topo da lista.
A queda registrada em território mineiro foi um efeito nacional, marcada sobretudo pela diminuição na produção e cotação do minério de ferro. O produto responde por 61% de toda a extração mineral brasileira e viu seu preço reduzir em 25%, o que gerou uma queda no faturamento de quase R$ 100 bilhões no ano passado nas contas do país.
O presidente do Ibram, Raul Jungmann, no entanto, é otimista com relação ao futuro do setor. Segundo o instituto, mesmo com quedas em diversos indicadores – produção (-12% estimada), faturamento (-26%), exportações (-28%) e recolhimento de tributos e encargos (-24,6%) – as indústrias de mineração ainda terminaram o ano com contratações.
“Foram criadas mais de 5,7 mil vagas, de janeiro a novembro, totalizando quase 205 mil empregos diretos. Incluindo os indiretos, a mineração gera mais de 2 milhões de vagas no país”, destaca o presidente.
Cidades em destaque
E nesse balanço, cidades de Minas conseguiram se destacar. Entre os 15 municípios com maior lucro na mineração, 12 estão no Estado. Conceição do Mato Dentro, na região Central, lidera o ranking.
Com a maior produção e faturamento em relação a outros estados, Minas liderou também a maior geração de impostos com a mineração. Só de CFEM, imposto pago como compensação aos municípios onde há extração mineral, foram recolhidos mais de R$ 3,1 bilhões.
Expectativas
Segundo Raul Jungmann, 2023 deve repetir o resultado do ano passado, dependendo do aumento da demanda mundial, sobretudo da chinesa. Ainda assim, as empresas devem investir.
De acordo com o presidente do Ibram, o setor vai aumentar investimentos no país, de US$ 40,4 bilhões (período 2022-2026) para US$ 50 bilhões (2023 a 2027).
Destaque para os investimentos socioambientais. Eles vão saltar de US$ 4,2 bilhões para US$ 6,5 bilhões. Em Minas Gerais, a maior parte desses recursos, cerca de US$ 3 bilhões, deve ser destinada à descaracterização de barragens para evitar o desmoronamento de estruturas, como os que ocorreram nas tragédias de Brumadinho, quando a barragem da mina de Córrego do Feijão veio abaixo, em 2019, matando 270 pessoas, e Mariana, onde a barragem do Fundão, pertencente à mineradora Samarco, desmoronou em 2015, causando perda de vidas e danos ambientais que ainda aguardam solução definitiva.
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