DO LUXO AO LIXO

Relembre os eletrônicos que já foram objeto de desejo e hoje caíram no esquecimento

Tocadores MP3, Discman, máquinas fotográficas digitais e até assistentes pessoais se tornaram peças de museu em apenas 25 anos

Marcelo Jabulas@mjabulas
Publicado em 14/11/2025 às 11:02.
 (Foto: Imagem gerada por IA/Google Gemini)
(Foto: Imagem gerada por IA/Google Gemini)

Nos últimos 25 anos, a tecnologia mudou a forma de viver, comunicar e se entreter. Nesse processo, muitos aparelhos pessoais ganharam status de joalheria e simbolizavam status e inovação. Mas diferentemente de um diamante solitário, tornaram-se obsoletos. Itens antes indispensáveis desapareceram com a convergência de funções nos smartphones e o avanço da conectividade, transformando desejos de consumo em lembranças nostálgicas.

Atualmente há movimentos de dar sobrevida a essas traquitanas eletrônicas, como o uso de velhas câmeras digitais para registrar encontros ou descarregar músicas no velho tocador MP3. Tudo envolto de um romantismo e memória afetiva. Admito que sou adepto da mania de “brincar” com velharias como consoles de videogames, ouvir um caquético player com vergonhosos 256 MB de armazenamento e rodar computadores antigos, incapazes de acessar a internet atual.

Fósseis eletrônicos 

Entre os exemplos mais marcantes está o iPod, lançado pela Apple em 2001. O reprodutor de música portátil revolucionou o hábito de ouvir canções digitais e virou símbolo de uma geração, mas perdeu espaço quando o iPhone passou a concentrar música, internet e telefonia em um único dispositivo. O último modelo foi descontinuado em 2019. Meu iPod Nano (de 2 GB) funcionou por 20 anos, mas se aposentou há poucos meses. 

Outro ícone da virada dos anos 2000 foi o Palm Pilot, um dos primeiros assistentes pessoais digitais. Voltado ao público corporativo, permitia organizar agenda, contatos e anotações. A chegada dos smartphones tornou suas funções redundantes e encerrou sua era. 

O problema dos Hand Helms (eles também tinham esse nome) era o fato de serem demasiadamente lentos. Não dá para tentar usar um atualmente, nem pra servir de calculadora. E a própria calculadora científica foi vítima do smartphone. Hoje é possível ter todas as funções daqueles modelos Casio do ensino médio no celular.

As câmeras digitais compactas também foram vítimas da evolução. Modelos como as linhas Sony Cyber-shot e Canon PowerShot eram presença obrigatória em viagens e festas. Com a melhoria das câmeras dos celulares e a facilidade de compartilhar fotos nas redes, o aparelho perdeu utilidade. O mesmo ocorreu com os reprodutores de música portátil, como Discman, que permitiu levar o CD a tiracolo. Tinha o agravante de devorar pilhas e ser sensível a impactos e chacoalhões. Com o MP3 player, virou peça de museu. 

Outro símbolo dos anos 1990 e 2000 foi o pager, conhecido como “bip”. Utilizado por médicos e executivos, permitia o recebimento de mensagens curtas e indicava a necessidade de retorno por telefone. Sua utilidade desapareceu com a popularização dos celulares. O mesmo destino teve o GPS automotivo, item essencial entre 2005 e 2015, substituído por aplicativos como Google Maps e Waze.

As filmadoras pessoais, como as Sony Handycam e câmeras MiniDV, também caíram no esquecimento. Usadas para registrar viagens e eventos familiares, perderam espaço para os smartphones e câmeras de ação. Já o PlayStation Portable, o PSP, lançado em 2004, representou o auge dos consoles portáteis antes de ser superado pelos jogos em celulares.

Outros exemplos de produtos que marcaram época e desapareceram são os reprodutores de DVD portáteis, comuns em carros e aviões, e os netbooks, pequenos laptops populares no fim dos anos 2000. O primeiro foi eliminado pelo streaming e pelos tablets; o segundo, pelo avanço da computação móvel.

O desaparecimento desses aparelhos mostra como a tecnologia se tornou mais integrada e descartável. Em apenas 25 anos, o celular absorveu funções de música, fotografia, vídeo, localização, agenda e jogos. O que antes exigia uma coleção de dispositivos cabe hoje em um único aparelho conectado à internet — um retrato preciso da velocidade com que o desejo tecnológico se renova e apaga.

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