saúde mental

Semana traz reflexão sobre a luta antimanicomial

Publicado em 15/05/2022 às 10:13.

Dois eventos no ano de 1987, com caráter de conscientização e luta, garantiram uma data oficial para reflexão sobre saúde mental. Esse é um dos principais temas do Hoje é Dia desta semana.

Aqueles eventos ajudaram a amadurecer entre os profissionais da área de que era necessário virar a página de todo o tipo de violações ocorridas em manicômios contra pacientes com transtornos psiquiátricos. Naquele ano, entre 25 e 28 de junho, a 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental (confira aqui relatório final) celebrava a proximidade de uma nova Constituição e propunha políticas de humanização no tratamento dos pacientes. "A definição de uma pessoa como 'perigosa' não deve ter o caráter de definitivo julgamento. Sua elaboração deve estar subordinada aos objetivos de uma sociedade democrática, justa, igualitária e capaz de garantir os direitos humanos fundamentais", apontava o documento. 

Também em 1987, entre os dias 3 e 6 de dezembro, a cidade de Bauru (SP) sediou o 2º Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, onde é criado o Movimento Nacional de Saúde Mental. "Ao recusarmos o papel de agente da exclusão e da violência institucionalizadas, que desrespeitam os mínimos direitos da pessoa humana, inauguramos um novo compromisso", apontava a Carta de Bauru, documento gerado ao final do evento.

Foi por esse congresso que foi levada a proposta de marcar o dia 18 de maio como o Dia da Luta Antimanicomial.  Outro marco ocorreu, no ano  2000, com uma lei antimanicomial.

As temáticas sobre saúde mental podem ser visitadas no acervo dos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), incluindo a série de avanços, como é a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), no país. A Agência Brasil publicou, em 2020, um mapa interativo dos locais para atendimento de pacientes psiquiátricos.

O Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, também já investigou, em 2015, o passado de violações, como ocorreu no Hospital Colônia, em Barbacena (MG). O programa teve o título de "Loucura e liberdade". A unidade, criada em 1903,  ficou conhecida como o maior manicômio do Brasil e onde, pelo menos, 60 mil pessoas perderam a vida em um cenário de desrespeito aos direitos humanos.

As violências e crimes cometidos em Barbacena voltaram a ser abordados pela TV Brasil, em 2017. O programa Trilha das Letras entrevistou a jornalista Daniela Arbex, que escreveu o premiado livro Holocausto Brasileiro (2016). Ela explica como investigou o tema, entrevistou vítimas e recuperou histórias difíceis de lembrar.

Arte como terapia
A semana reserva também uma outra data (dia 20) de marco revolucionário por uma nova forma de atendimento a pacientes psiquiátricos. Há 70 anos, foi implantado o Museu de Imagens do Inconsciente, com trabalhos produzidos por pessoas atendidas pela equipe da médica alagoana Nise da Silveira, no Rio de Janeiro.

A psiquiatra criou em 1946, no Centro Psiquiátrico Nacional, Rio de Janeiro, a Seção de Terapêutica Ocupacional. Como terapia de atendimento, ela estimulava que as pessoas produzissem pinturas e modelagens a fim de que a equipe de saúde compreendesse o mundo interno dos pacientes. "A produção desses ateliês foi tão abundante que em 1952 nasceu o Museu de Imagens do Inconsciente", conforme divulga o site do espaço cultural.

Aliás, se há uma consolidação das ideias antimanicomiais e de violações humanas, o país deve à sabedoria da médica Nise da Silveira.  (assista aqui ao programa Estúdio Móvel sobre a história da médica).

A profissional se contrapôs aos eletrochoques e lobotomias feitos à época, e passou a investir em arte para tratar os pacientes, com resultados reconhecidos pela medicina internacional. Uma de suas parceiras em sua equipe foi a enfermeira Ivone Lara que, depois de aposentada, iria se tornar também uma sambista consagrada.

Para conhecer o legado imensurável que Nise deixou, visitantes podem conhecer o Museu do Inconsciente, com obras produzidas pelos pacientes de Nise da Silveira:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por