Para Animais

USP já está pesquisando uma vacina contra a febre maculosa

Da Redação*
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Publicado em 15/06/2023 às 17:49.

Um estudo realizado no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) descobriu uma proteína produzida pelo carrapato-estrela (Amblyomma sculptum) durante a alimentação, e que é essencial para a sobrevivência dele. Ela pode ser um alvo promissor para o desenvolvimento de uma vacina contra o carrapato vetor da febre maculosa brasileira. O resultado da pesquisa foi publicado erm março de 2023 na revista científica Parasites & Vectors.

Os cientistas trataram células do carrapato-estrela com material genético (RNA) que inibe a proteína e, assim, impede o mecanismo natural de eliminação de células supérfluas ou defeituosas do aracnídeo. Portanto, o uso do RNA pode favorecer a morte dos carrapatos quando eles se alimentam de sangue.

Em teste com coelhos, quando as cobaias foram picadas pelos carrapatos tratados com o material genético, os aracnídeos morreram após a alimentação. Já os carrapatos não modificados sobreviveram – mantiveram o mecanismo de eliminação de células supérfluas ou ineficazes.

Como se sabe, a bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa, é transmitida pela picada de carrapatos infectados. Na fase adulta, o aracnídeo se alimenta preferencialmente de sangue de cavalos e capivaras. E o número de casos em humanos no Brasil não justificaria a vacinação da população. Mas se o imunizante for destinado aos animais, poderá ajudar a interromper o ciclo de proliferação da bactéria. “A diminuição da densidade populacional dos carrapatos por uma estratégia vacinal, consequentemente, interromperia em grande parte a transmissão da doença para os seres humanos”, explica a pesquisadora Marcelly Nassar, uma das autoras do estudo, em entrevista ao Jornal da USP.

“É uma estratégia vacinal diferente, mas espera-se que a resposta no hospedeiro seja a mesma”, descreve a cientista. Atualmente, ela já está fazendo testes em animais com a aplicação da vacina com o material genético que afeta os carrapatos.

Marcelly lembra que os poucos casos da doença no país se devem à falta de dados, já que o diagnóstico da infecção pela Rickettsia pode demorar 10 dias para dar resultado – momento em que o corpo já criou anticorpos contra a febre. Diante disso, bloquear o vetor é a melhor medida para combater a doença. “Não temos um diagnóstico laboratorial efetivo nos primeiros dias da doença. Para esperar um diagnóstico positivo para Rickettsia rickettsii, possivelmente o tratamento não será mais eficaz”, diz a cientista da USP.

(*) Com Jornal da USP.

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