Gostinho da roça fisga BH e se revela um bom investimento

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
02/02/2015 às 08:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:52
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

O gostinho da roça invadiu a cidade grande. Novos estabelecimentos que exploram a oferta das mais diversas guloseimas feitas por pequenos produtores rurais do interior de Minas surgem na capital para fisgar o paladar dos belo-horizontinos. Se de um lado o homem do campo vê a rentabilidade crescer e a produção aparecer, do outro comerciantes enxergam uma excelente oportunidade de negócio. Também lucra o consumidor, que pertinho do prédio onde mora ou do trabalho passa a ter ao alcance da boca e dos dedos iguarias como queijos, biscoitos, geleias, carne de lata, linguiça caseira e paçoca, entre outras delícias típicas.

Caçula no mercado de Belo Horizonte, a Bitaca da Leste, no bairro Santa Tereza, abriu as portas em dezembro de 2014. Pequeno e aconchegante, com apenas duas mesas, o balcão, um toca-discos, uma geladeira e prateleiras recheadas de produtos da roça, o local é um misto de mercadinho e bar. Pra consumir lá ou levar, há quitutes de comer de joelhos.

Quem comanda tudo, do fogão e atendimento às compras, é o casal Luiz Paulo Mairink e Alice Maciel. Com a experiência nas panelas da Mercearia 130 e as lembranças de quando ajudava a matar porco no quintal da casa da avó em Urucuia, Noroeste de Minas, é ele quem prepara a carne de lata (R$ 40 por 400 gramas) e a linguiça (R$ 25 o quilo).

“Desde que comecei a trabalhar com cozinha, tinha a vontade de ter um espaço onde pudesse vender produtos do interior e ainda produzir. Até que achamos o ponto ideal, já que Santa Tereza tem tudo a ver com nossa proposta. Todos os pratos que faço têm ingredientes da loja. E priorizamos o contato direto com o cliente”, diz Mairink. Entre as delícias feitas pelo chef destacam-se o torresmo de barriga pururucado (R$ 28 quatro unidades) e a carne de sol com farofa de abobrinha e mandioca cozida na manteiga de garrafa (R$ 35 para quatro pessoas).

De fora, fazem sucesso a paçoca de carne (R$ 10 por 200 gramas) feita em Turmalina pela Dona Jesus, uma senhora de mais de 80 anos, e queijos como o “Canastra do Zé Mário”, o “Serra do Salitre de João Melo” e o parmesão caipira de Alagoas, no Sul de Minas. Toda quarta, há uma feira de frutas, verduras e legumes agroecológicos de produtores de Barbacena.

Antes de inaugurar a Bitaca da Leste, Mairink e Alice viajaram mais de 1.800 quilômetros em seis dias. Passaram por cidadezinhas do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas e trouxeram na bagagem muitas histórias e parcerias. “É um tipo de negócio que perdeu espaço mas agora está voltando. A freguesia adora”, comemora ele. O casal investiu cerca de R$ 40 mil no empreendimento.

Provolone assadinho do João Almeida, de Astolfo Dutra, goiabada da Branca, de Santo Antônio do Grama, canudinho de doce de leite da Maria Geralda, de Itapecerica, tempero com ervas produzido em São Gonçalo do Rio Abaixo pela dona Dôra, banana chips dos produtores familiares de Santa Bárbara do Tugúrio. Dá gosto de ver essas e outras iguarias mineiras nas prateleiras, feitas de caixotes, no empório De Lá, na Savassi.

“Muitos produtores fazem coisas maravilhosas, mas têm dificuldade para inserção no mercado. A intenção é dar a eles reconhecimento e renda e contribuir para a sustentabilidade no meio rural”, diz a proprietária Laura Cota, que defendeu tese de mestrado sobre o tema. O negócio está dando tão certo que em outubro do ano passado ela abriu uma filial no Alphaville.

Na mesma rua do De Lá, está a Fazenda de Minas, inaugurada em agosto de 2014. Terceira filial da empresária e dentista Heneida Almeida e Silva, a loja, com 150 metros quadrados, passou por adaptações ao custo de R$ 100 mil. Se a fome ou desejo de provar as quitandas apertar, dá pra comer ali mesmo. “É uma atividade que me dá prazer, além da rentabilidade. Gosto de falar que sou da roça. Na minha cidade, Dom Joaquim, a gente matava boi e porco e fazia requeijão e queijo”, conta. Entre os quitutes, café moído na hora (R$ 27, o quilo), broa de milho cremosa (R$ 10), ovos caipiras (R$ 7,50 a dúzia) e mais de trinta tipos de queijo.

A vida na fazenda do pai em Dom Joaquim foi a inspiração para o irmão de Heneida, Luciano Silva, pioneiro no segmento em Belo Horizonte. Batizado de Roça e Cia, o estabelecimento completou 28 anos de vida. E nunca fecha.

O Buritis também tem um pedacinho da roça em meio aos prédios. Idealizado pelo casal Natália e Gustavo Passos Gonzaga e dois sócios, o Armazém Era Uma Vez foi aberto em outubro do ano passado, com investimento de R$ 85 mil. “A primeira reação do freguês é de surpresa e fascínio, por ter um lugar assim no coração do bairro”, diz o proprietário. As opções gastronômicas vão de cafés artesanais e manteiga de garrafa a arroz vermelho e carne de sol, passando por queijos de São Roque, Comunidade das Pedras, em Três Marias, Serra do Salitre e Entre Rios de Minas.

Uma das estrelas da casa é o brigadeiro feito por Natália. São 18 sabores. Além do original, a mestre-cuca oferece docinhos com queijo parmesão, café, doce de leite com queijo e coco queimado. Os preços variam de R$ 2 a R$ 3 

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