'Guerra' das maquininhas: facilidade no uso de cartão e concorrência impulsionam mercado

Tatiana Moraes
14/07/2019 às 14:36.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:32
 (Riva Moreira )

(Riva Moreira )

O aumento da competitividade das maquininhas de cartão no Brasil e a facilidade proporcionada pelo uso do dinheiro de plástico serviram como mola propulsora desse mercado, que movimentou R$ 941 bilhões no Sudeste em 2018. Com previsão de os meios eletrônicos de pagamento crescerem 40% na participação do consumo das famílias em 2019, frente a uma alta de 38,3% em 2018, as empresas que desenvolvem os equipamentos oferecem taxas melhores e prazos menores para que o cliente receba o dinheiro na conta, abrindo uma porta para que pequenos comércios, prestadores de serviços e até autônomos ampliem a modalidade de pagamento, aumentando a base de clientes.

Embora mais de 200 fintechs facilitadoras de pagamento atuem no mercado atualmente, a concorrência ficou mais acirrada em 2019, quando os grandes bancos começaram a reduzir as taxas de juros para pagamento no débito e no crédito. Em abril, por exemplo, a Getnet, empresa de tecnologia do grupo Santander, anunciou a uniformização das taxas das operações de débito e crédito à vista em 2%. 

Além dos juros mais baixos, a empresa antecipou o prazo para depósito do dinheiro na conta do cliente. Agora, em dois dias úteis já é possível receber a quantia. Clientes da maquininha Rede, do banco Itaú, também têm a opção de ter o dinheiro em conta em dois dias. As demais não responderam à reportagem.

Na mão 

Para a especialista em extensão de cílios Bárbara Almeida, do Studio Babi Almeida, liberar o dinheiro com rapidez é fundamental para que ela possa manter o negócio. “Eu posso simplesmente ir ao caixa 24 horas e sacar. E não pago absolutamente nada a mais por isso”, pondera. Além disso, ela afirma que a máquina utilizada permite que valores mais altos sejam divididos em duas vezes sem juros, para a cliente e para ela. 

“Como as extensões têm preços mais altos, é uma facilidade que me ajuda a atrair clientes”, pondera. Hoje, 80% das clientes dela pagam com dinheiro de plástico. “Facilita a vida delas e eu não deixo de ganhar. Quando comecei, eu não tinha maquininha. Era péssimo, porque perdia muita cliente. Vale muito a pena”, diz.

Aumento nas vendas

Semanalmente, o comerciante Adilson Carvalho vai à região da Serra da Canastra buscar diversos tipos de queijo para vender na porta de grandes empresas em Belo Horizonte. Além do dinheiro vivo, ele aceita cartão. “Mais de 70% dos meus clientes compram com cartão de crédito ou débito. É uma facilidade enorme. Sem a máquina, venderia bem menos”.

Além de aumentar a base de clientes, ele afirma que trabalhar com cartão traz mais segurança ao negócio. “Eu não ando com dinheiro e não tenho que dar troco. É muito melhor”, comenta. 

Dinheiro liberado com mais agilidade pode virar capital de giro

Reduzir o prazo para que o dinheiro caia na conta é uma tendência global, conforme afirma o mestre em Administração de Empresas pela FGV e fundador do portal Konkero, Guilherme de Almeida Prado. De acordo com ele, o prazo médio para pagamento aos lojistas no mundo é de dois dias, o chamado D+2. A operação de pagamento após um mês seria uma “jabuticaba”. Ou seja, só ocorre no Brasil. 

“O cenário é muito favorável, sobretudo para um comerciante que recebia em 30 dias e passa a contar com a opção de receber à vista sem arcar com os custos da antecipação. Esse valor, antes gasto para antecipar, pode ser investido no negócio. Para quem não antecipava, o negócio passou a ter capital de giro liberado na hora”, avalia. Se 30% das vendas de um restaurante que fatura R$ 100 mil são feitas a crédito, esse empreendedor recebe R$ 30 mil somente em 30 dias, exemplifica Prado. 

Com as mudanças nas facilidade oferecidas pelas operadoras, no entanto, o estabelecimento passa a ter esse dinheiro em menos tempo e sem custo adicional. Afinal, quem quisesse antecipar a soma deveria pagar pelo serviço. E se esse mesmo restaurante antecipava esses R$ 30 mil a 5% ao mês, é possível dizer que a casa vai deixar de gastar aproximadamente R$ 1.500. É um dinheiro a mais que vai “surgir” todo mês para o empreendedor investir no negócio.

Segmento 

Entre os modelos de dinheiro eletrônico, o cartão de crédito é o mais usado no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o crédito movimentou R$ 965,5 bilhões no ano passado, elevação de 14,6% na comparação com o ano anterior. 

Já o cartão de débito transacionou R$ 578 bilhões, aumento 13,8% na mesma base de comparação. Os cartões pré-pagos também ganharam espaço e cresceram 66,5% no ano, movimentando R$ 11 bilhões.

Riscos

Para o diretor-executivo da Abecs, Ricardo Vieira, o fato de a operadora assumir o risco da inadimplência conta pontos a favor das empresas que fornecem as maquininhas e atrai cada vez mais interessados, independentemente do porte. “Se a pessoa não pagar a fatura do cartão, quem assume a inadimplência é a operadora, não quem opera a maquininha”, defende. Editoria de Arte

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