
Mais de 70% das mortes nos últimos temporais que castigaram Minas ocorreram após desmoronamentos ou deslizamentos de terra. Nos municípios, o alerta para o solo encharcado, que pode causar novas tragédias, é maior em Belo Horizonte. Comunicado de risco geológico emitido pela Defesa Civil permanece pelo menos até amanhã.
Na capital, os desabamentos provocaram 12 dos 13 óbitos. A situação é mais crítica nas vilas e favelas, onde o perigo já foi atestado em 1.144 imóveis erguidos sob encostas ou à beira de barrancos. Nesses locais moram pelo menos 3 mil famílias, conforme o último balanço disponibilizado.
Presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), em Minas, Eduardo Vaz de Mello reconhece os riscos para quem reside nesses terrenos.
“BH tem áreas de topografia ruim, com solo baixo e falta de drenagem. Erguer construções nesses locais já é arriscado. O problema é agravado pois, muitas vezes, as casas são justamente nesses pontos, além de não existir um acompanhamento técnico, como o de engenheiros”.
Para o especialista, as ações da Defesa Civil e da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) evitaram que os temporais em BH fossem ainda mais trágicos.
Desde 24 de janeiro, 57 mortes foram registradas em Minas; dessas, 42 por deslizamentos de terra e desmoronamentos
“Fazem um bom trabalho de prevenção e conscientização da população. Porém, o volume de chuva foi fora do normal, não estava previsto”, considerou, ao comentar o número de mortes.
Obras de eliminação de riscos, como a construção de muros de arrimo, foram feitas pela Urbel neste ano. Outras intervenções ainda estão em andamento. Tanto a companhia quanto a Defesa Civil acompanham a situação das famílias nas áreas de perigo geológico.
As pessoas são orientadas a pedir o socorro e, em caso de emergência, a sair de casa. Alertas via mensagens de textos por celular e redes sociais, além de carros de som, são feitos pelas autoridades.
Previsão do tempo
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), para hoje e amanhã a capital mineira receberá pancadas típicas de verão. “São aquelas chuvas rápidas e isoladas provocadas pelo aquecimento do ar”, explicou Anete Fernandes.
A tendência é a de que na terça-feira a precipitação fique generalizada e afete mais regiões da cidade. “Apesar da curta duração, pode ser forte”, ponderou.