À espera de obras de restauração, igreja centenária em Ravena corre risco de desabar

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
22/08/2017 às 19:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:12
 (Claudio Geraldo Ferreira Pinto/Arquivo Pessoal)

(Claudio Geraldo Ferreira Pinto/Arquivo Pessoal)

Moradores de Ravena, distrito de Sabará, na Grande BH, temem ficar sem a Igreja de Nossa Senhora da Assunção da Lapa. Prestes a completar 300 anos, o templo está com a estrutura comprometida e corre o risco de desabar. Fechada há sete anos, a edificação está com uma reforma parada desde 2014.

A igreja abriga peças de artistas como o escultor barroco Francisco Vieira Servas, discípulo de Aleijadinho. “Ela faz parte da nossa história, tem um grande significado para nós”, diz Éder Lírio, zelador do templo, que durante três anos trabalhou como aprendiz de restaurador nas obras do templo.

Os problemas na estrutura começaram a ser detectados em 2003. Na época, vistoria apontou danos na parte elétrica. A prefeitura interditou o espaço e celebrações chegaram a ser feitas na rua.

Mobilização popular

A igreja foi reaberta dois anos depois, após moradores arrecadarem verba para uma instalação elétrica provisória. Nova perícia em 2010, no entanto, identificou o risco de desabamento do arco central do imóvel. Por conta da ameaça, o Corpo de Bombeiros determinou o fechamento.

De 2010 a 2014 foram restaurados os altares de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora do Carmo. Quando as intervenções foram interrompidas, a reestruturação do forro da capela-mor estava sendo iniciada.

Em nota, a Prefeitura de Sabará classificou a situação como “muito complicada”, com necessidade de contenção do muro e drenagem do terreno. Infiltrações constantes abalaram a edificação. “A estrutura interna também está comprometida, com ataques de cupins, entrada de água de chuva e rede elétrica precária. Em alguns pontos existem trincas que oferecem grande ameaça ao patrimônio”.

Verba

Apesar de o Executivo municipal temer o desabamento, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) assegura a segurança do espaço. Segundo o órgão, é preciso executar obras estruturais para dar continuidade às intervenções. O montante necessário ainda está sendo levantado.

“Tendo em vista a indisponibilidade de recursos financeiros do Estado para assumir a totalidade das ações necessárias, o governo de Minas tem articulado com a Prefeitura de Sabará e a Arquidiocese para a retomada das obras prioritárias de forma compartilhada”, disse o Iepha.

O órgão informou, ainda, ter contratado obra emergencial de escoramento e de sistema de prevenção de descarga atmosférica do templo, com investimento de R$ 160 mil. Os serviços de reestruturação dos elementos artísticos em 2013 e 2014 custaram ao Estado pouco mais de R$ 815 mil.

Morador teme fim de parte da história do povoado; fiéis esperam volta das atividades

Preocupados com a situação da Igreja Nossa Senhora da Assunção da Lapa, os moradores de Ravena tem se articulado e até já organizaram uma manifestação. “Mas não receberam respostas. A comunidade fica triste e com receio de perder a igreja em caso de a estrutura ceder”, frisa o vereador de Sabará Hellison Lopes, o Professor Costela.

Esse, inclusive, é o sentimento de Joaquim Boaventura Ferreira Pinto, de 54 anos. Frequentador assíduo do templo, ele teme que uma parte da própria história desabe com a edificação. Foi lá que o morador conheceu a esposa e se casou há 30 anos. “É triste ver cada dia a igreja se degradando mais.E a gente fica com uma sensação de impotência de não poder fazer nada”, lamenta.

O zelador Éder Lírio aguarda um desfecho feliz e a retomada das atividades no local. “Tinha missa todo fim de semana, catequese, reuniões, além das festas da padroeira. Tem gente esperando a reabertura dela para casar”.

Sem interesse

O Executivo assegurou tentar aporte junto aos governos estadual e federal para a manutenção dos bens tombados do município, inclusive a matriz.

Procurada, a Arquidiocese não se pronunciou.

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