Água para a Grande BH, escassez no interior de Minas

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
20/12/2015 às 08:05.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:24
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Se depender do prognóstico da Copasa, não faltará água para os municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte nos próximos três anos. Um resultado direto da estação de captação construída no rio Paraopeba, prevista para ser inaugurada amanhã. No entanto, para a população do interior, a previsão é de mais um período de escassez hídrica em 2016, uma vez que não há soluções à vista.

Com o início de operação da adutora no Paraopeba, serão bombeados 5 mil litros por segundo ao reservatório Rio Manso, por uma tubulação de 1,5 metro de diâmetro e 6,5 quilômetros de comprimento. A manobra ocorrerá apenas no período chuvoso, de outubro a março.

“É uma obra definitiva para resolver o abastecimento da Grande BH nos próximos 25 anos”, diz o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli.

Com aporte de R$ 128,4 milhões do tesouro estadual, a Copasa iniciou, em julho, a construção da adutora, eleita a principal obra estruturante para enfrentar a crise hídrica. Segundo Perilli, será possível economizar os volumes de água em Serra Azul e Vargem das Flores, onde as captações serão reduzidas a partir de 2016. “A obra permitirá manter o nível desses reservatórios no período de chuva”, explica.

Apesar da falta d’água, dois fatores foram essenciais para a situação não evoluir para o caos absoluto: a população freou o consumo e choveu em maior volume do que no ano passado. “Devemos fechar o período com 35% mais chuva na comparação com 2014”, calcula Perilli.

Apesar do otimismo da Copasa, o nível dos reservatórios da RMBH fechará o ano de 2015 abaixo dos 30% da capacidade. Para se ter uma ideia, o volume do sistema Paraopeba, que estava em 92% em maio de 2013, caiu para 21% no início deste mês.

A boa notícia é que dezembro tem registrado chuva dentro da média histórica, na região Central. “Para janeiro e fevereiro, a tendência é a de que as chuvas também fiquem próximo da média histórica”, explica o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Centro de Climatologia da PUC Minas.

Entenda

No processo de captação no Paraopeba, a água é bombeada para duas estações elevatórias, que utilizam 12 bombas de sucção. Elas permitem superar um desnível de 150 metros de altura entre o rio e o reservatório de Rio Manso.

O custo com energia é compensado com a economia de 4 mil litros de água por segundo da barragem de Rio Manso.



Cidades desabastecidas mesmo fora do polígono da seca

A maioria dos municípios do Norte de Minas e dos vales do Jequitinhonha e Mucuri tem decreto de emergência vigente por causa da intensidade e prolongamento da seca. Mas nem todas as 136 cidades que sofrem com a estiagem ficam em regiões semiáridas.

Em Juiz de Fora e Viçosa, na Zona da Mata, e em Pará de Minas (Centro-Oeste), palcos de dois verões seguidos de precipitação negativa, vigoram medidas de restrição do consumo há mais de um ano.

O quadro é mais crítico porque todas as regiões enfrentam secas severas, explica o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Centro de Climatologia da PUC Minas. Segundo ele, o volume de chuva está abaixo da média desde 2010.

Mudança no clima

Até no Sul de Minas, onde normalmente é mais úmido, houve problemas com a estiagem, que, em 2013 e 2014, instalou-se em pleno período chuvoso, lembra o meteorologista.

Mesmo na região metropolitana da capital, reconhece o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, há problemas no abastecimento, como em Esmeraldas, Florestal e Igarapé. Esta última receberá uma adutora para aumentar a área atendida pelo sistema integrado da Copasa.

Ainda de acordo com Perilli, em Ravena, distrito de Sabará, a Copasa precisa encontrar outro manancial ou perfurar poço subterrâneo.

História de seca

O balanço hídrico desequilibrado penaliza, sobretudo, o Norte e o Noroeste de Minas, onde existem mais municípios em situação de emergência. No polígono da seca, há reflexos graves na economia e na vida de pequenos agricultores.

Em decorrência da estiagem prolongada, o governo de Minas lançou o Plano de Urgência para Enfrentamento da Seca, com investimento de R$ 33 milhões em diversas ações.

Abrangência

A verba, segundo o Estado, vai atender a 69,3 mil famílias, em 2.830 comunidades rurais de 129 municípios do Norte e Nordeste.

Desse total, R$ 28 milhões serão destinados ao abastecimento de água (perfuração e equipagem de poços em comunidades sem acesso à água) e à compra de 30 caminhões-pipa.

Outros R$ 5 milhões serão usados para o fortalecimento da agricultura familiar.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por