Ônibus turísticos vazios: cadê os passageiros?

Sara Lira - Hoje Em Dia
01/07/2014 às 08:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:12
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Dezenove dias após a inauguração da linha turística de Belo Horizonte, ainda é baixa a adesão dos usuários. Criado como atrativo para os 390 mil turistas esperados na cidade para o Mundial, sendo 160 mil estrangeiros, o ônibus especial, que passa pelos principais pontos da região Centro-Sul, tem lotação média menor do que um passageiro por veículo. Dentre as falhas apontadas pelos poucos viajantes, a falta de um guia que mostre as belezas da capital e dê informações sobre a rota.   De 12 de junho ao último domingo, 424 pessoas embarcaram na Linha Turismo Centro-Sul, passando por locais como Praça da Liberdade e Parque Municipal. Considerando as 18 viagens em dias úteis e 12 aos fins de semana, a média foi de 0,6 passageiro por viagem. Há casos em que os veículos percorrem o trajeto de 12 quilômetros sem levar ninguém.   Usuários têm explicações para a baixa popularidade. Não há guias turísticos nos ônibus e pontos tradicionais ficaram de fora do itinerário.   A dentista Elisabete Bockmann, de 48 anos, veio de Porto Alegre (RS) com os dois filhos para conhecer BH. Ela reclamou da dificuldade de encontrar o ponto de embarque do ônibus turístico, já que não conseguiu informações nem no aeroporto de Confins nem na rodoviária.   A maioria dos turistas pergunta se o ônibus passa pelo complexo da Pampulha, diz um dos motoristas da linha, Joaquim Antônio Apolinário, mas, infelizmente, ver o espelho d’água e as obras de Niemeyer, só por outros meios.    Segundo ele, todos fazem questão de ir à Praça do Papa, mesmo durante a semana, período em que o local fica fora do roteiro. Como a atração turística fica bem próxima do itinerário oficial, o motorista dá um jeitinho. “Às vezes, desvio por conta própria. Outros motoristas também fazem o mesmo”, afirma. Apolinário também assume, em determinadas ocasiões, o papel de guia turístico.   Para o estudante Lucas Bockmann, de 21 anos, o trajeto é muito rápido, com duração de uma hora. “Não dá para conhecer muito e é a mesma coisa que pegar um ônibus comum”, diz. O irmão dele, o dentista Fernando Bockmann, 23, comparou o serviço com o de Porto Alegre, onde os ônibus são de dois andares, com vista panorâmica e com guias que falam inglês e espanhol. “Eles explicam as atrações e fazem uma parada rápida em cada uma, onde os turistas podem tirar fotos, com calma. O mesmo não ocorreu aqui”.   Início   De acordo com o superintendente de regulação da BHTrans, Sérgio Carvalho, a linha ainda é recente e é necessário tempo para ser consolidada junto ao público. Não há pretensão de contratar guias turísticos, informa ele, e as informações sobre horários, itinerário e pontos de embarque e desembarque estão disponíveis no site da BHTrans.   Sobre a não inclusão de alguns pontos turísticos no trajeto, Carvalho afirma que, no futuro, o serviço poderá ser ampliado, desde que viável.   A tarifa é R$ 4,35, sem direito a reembarque, a não ser que o turista pague nova passagem.   Características de executivo   A linha ST01 Circuito Turístico Centro-Sul tem as mesmas características de um ônibus executivo, com bancos estofados, ar-condicionado, internet e TV.  Um maleiro permite guardar pequenas bagagens. A capacidade dos ônibus é de 43 passageiros assentados.   Como funciona em Londres   Uma das cidades mais visitadas do mundo, Londres tem várias empresas que operaram o serviço de ônibus turístico. São oferecidos passes que permitem ao visitante embarcar ou desembarcar durante um período de 24 horas, a um custo de 25 libras (R$ 95). Os ônibus têm dois andares, vista panorâmica, guias bilíngues e tradução simultânea à disposição dos passageiros.

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