Ação de guardas municipais que terminou em confusão na rua Sapucaí é apurada pela corregedoria

José Vítor Camilo
06/02/2019 às 16:48.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:25
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

A corregedoria da Guarda Municipal de Belo Horizonte apura se houve excessos durante a ação de agentes da corporação, na madrugada do último domingo (3), na rua Sapucaí, no bairro Floresta, região Leste da capital mineira. Vídeos que mostram os guardas usando cassetetes, spray de pimenta e armas de choque viralizaram nas redes sociais desde o último fim de semana. 

A região da rua Sapucaí se tornou nos últimos anos um dos principais pontos noturnos de BH, com diversos bares espalhados ao longo da via. O Hoje em Dia conversou com duas pessoas que estavam no local na hora da confusão e que testemunharam todo o ocorrido, sendo que uma delas, inclusive, afirma ter sido agredida pelos agentes.  

"Eu cheguei às 20h30 de sábado (2) e a Guarda Municipal já estava lá. Por volta de 22h começou uma roda de samba na rua, uns meninos pararam na calçada e começaram a tocar. Nisso, juntou muita gente em volta para cantar junto. Estava tudo ótimo, todos se divertindo sem qualquer problema, briga ou coisa do tipo", conta uma cineasta, de 22 anos, que não quis ser identificada.

Ela afirma que, por volta de 0h30 de domingo, os guardas entraram no meio da roda de samba e pediram que os músicos parassem de tocar, o que ela alega ter sido obedecido. "Tinha uma menina com um tamborete e o pessoal começou a cantar aquela música: 'Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar...' Foi nessa hora que o rapaz negro que estava com o pandeiro saiu do cerco dos guardas para falar para essa menina parar de tocar. Nisso ele foi puxado pelo guarda e jogado na mureta com violência", declara a jovem. 

Foi então que teve início o tumulto, já que os presentes se assustaram com a agressividade dos guardas e passaram a questionar os oficiais. "Eles simplesmente começaram a jogar spray de pimenta em todo mundo. Mesmo com todos recuando, eles foram partindo para cima com o cassetete e logo depois chegaram mais guardas", detalha. 

Nessa hora, segundo a testemunha, uma amiga dela teria sido empurrada no chão por um dos guardas municipais, sendo agredida pelo agente quando ainda estava caída. Ainda de acordo com a cineasta, o namorado da vítima teria entrado na frente do guarda e recebido o golpe de cassetete. 
 Arquivo Pessoal

Jovem ficou com ferimento nas costas após ser agredido por um dos guardas municipais
"Mesmo quem estava só andando, para ir embora, era atacado por eles. Eu já estava na esquina quando recebi um choque nas costas. Eu perdi o equilíbrio, mas meu amigo me segurou. Se eu tivesse caído, eles teriam passado por cima", disse. 

O motivo da confusão também foi confirmado por uma estudante de 19 anos, que relata que estava exatamente no meio da roda de samba quando os guardas chegaram. "Não teve nenhuma confusão, nenhuma briga, nem na roda e nem fora. Do nada os guardas pararam no meio da roda e mandaram parar com tudo. E, quando questionamos o porquê daquilo, eles começaram as agressões", diz. 

Segundo a testemunha, quando o tumulto passou, ela presenciou muita gente chorando, passando mal por conta do spray de pimenta, e outras machucadas. "Eu estava exatamente onde tudo começou e posso afirmar que nada justifica a violência com que eles agiram", conclui. 

Procurada, a assessoria de imprensa da Guarda Municipal divulgou uma nota em que confirma que a Corregedoria da corporação tomou conhecimento do ocorrido por meio dos próprios agentes. Segundo os guardas, eles teriam sido alvo de objetos lançados pelo grupo.  

"Eles foram acionados para auxiliar a equipe de fiscalização municipal na desobstrução da via, por se tratar de um evento sem licenciamento. Os guardas alegam ter sido alvo de objetos lançados pelo grupo ao chegarem ao local. Os fatos estão sendo investigados e ambas as partes serão ouvidas para verificar se houve algum excesso na operação e para eventuais medidas cabíveis", conclui a nota. 
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