A centenária Lêda Gontijo esbanja vigor e não pretende deixar o trabalho tão cedo

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
12/03/2016 às 08:39.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:46

Ela é uma diva contemporânea. Independente, elegante e bem-sucedida, Lêda Gontijo é referência em artes plásticas e em saúde física e mental. Do alto de seus 101 anos, comemorados neste sábado (12), a aluna da primeira turma da Escola Guignard dá um show de sensatez e amor pelo que faz. “Enquanto houver sol, trabalho. É o que amo fazer”. Esse, segundo ela, é o segredo da longevidade.

E tem dado certo. Na quarta-feira, a artista finalizou uma escultura de São Francisco de Assis. A peça, de quase dois metros, foi produzida com marmorite (argamassa de cimento com grãos de mármore) e chama a atenção pela exuberância. Um dias antes, ela inaugurou uma exposição no Minas Tênis II, com 80 peças. A próxima artimanha ainda é uma incógnita.

“Fui convidada para expor na Espanha, mas falta patrocínio e é muito difícil levar as obras, pois são pesadas”, diz, sem descartar a possibilidade de embarcar para o Velho Continente com as esculturas.

PELO MUNDO

Viajar é uma das alegrias da artista. Ela conhece o mundo inteiro. E, para onde vai, traz de lembrança uma semente das plantas do país que conheceu. “Já tive até alguns pés de tâmara que trouxe de Israel”.

É do jardim de Lêda que vem parte da alimentação dela. “Tenho quase 40 tipos de frutas e plantei todas as árvores que estão aqui. Não tomo água, mas não fico sem o suco das frutas”.

Mas ela não se restringe aos produtos naturais. Pelo contrário. A artista se permite beber um pouco de vinho ou champanhe e também fuma um cigarrinho vez ou outra. No cardápio não há restrições. “Mas sem exagero”, ressalta. Lêda diz fazer tudo com moderação. Menos trabalhar.

PRESENTE PERFEITO

Enquanto a artista conversava com a reportagem na casa dela, em Lagoa Santa, na Grande BH, o telefone tocou. Eram as crianças, querendo saber o que a “bisa” queria de aniversário. Ela não respondeu às meninas, mas revelou à equipe do Hoje em Dia o que mais gosta de ganhar: ferramentas. É com elas que as obras de arte são produzidas. “Se me perguntam o que prefiro, se uma joia ou uma ferramenta, vou escolher a segunda opção. Sempre!”.

Dirigir é outra paixão. Esse prazer, porém, ela não tem mais. A carteira de motorista foi suspensa há alguns anos. O motivo? Excesso de velocidade. “Tentei esconder dos meus netos, achava que tinha que dar exemplo. Mas eles acabaram descobrindo”, revela, aos risos.

Mesmo sem habilitação, Lêda dirigiu por mais três anos, até cair em uma blitz. “O guarda pediu minha carteira e eu disse que a polícia já a tinha tomado. Ele deve ter achado que eu era esclerosada e me liberou”.

Ao comemorar os 101 anos, Lêda se lembra com saudade do grande amor da vida dela. “Fomos casados por 66 anos. Ele morreu há oito”.

Veja o vídeo:

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