A ginga carioca de BH

Renato Fonseca - Hoje em Dia
01/03/2015 às 08:19.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:11

Na Pampulha, as curvas modernistas da igreja São Francisco de Assis, principal cartão-postal de BH, levam a assinatura de um carioca. No alto do Milionários, com o Barreiro a seus pés, a estátua mineira do Cristo presta homenagem ao monumento da capital fluminense.
No aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro, comemorado neste domingo (1), Belo Horizonte mostra as influências recebidas pela Cidade Maravilhosa e comprova: qualquer semelhança não é mera coincidência.
Além do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer na década de 1940 e da escultura do Redentor erguida em 1956, outras similaridades se espalham pela metrópole das Gerais. A conexão entre os municípios passa pela tradicional feijoada da sexta-feira, botecos e casas de show e, claro, variadas localidades.
Imortalizada pelos compositores Vinicius de Moraes e Tom Jobim, a célebre canção Garota de Ipanema dá nome a uma rua do bairro Etelvina Carneiro, zona Norte de BH. Ipanema também é como se chama um bairro fincado lá na região Noroeste. Há ainda o Jardim Leblon, Copacabana, Grajaú e o Santa Tereza, que transborda a mesma fama boemia e pacata do Rio.
Esse último, por sua vez, teria ganhado o nome por sugestão de um ex-militar mineiro, em 1928. A igual existência de bondinhos em ambas as localidades foi a principal motivação.
PORTA DE ENTRADA
Maior rota do turismo internacional no Brasil, o Rio, que já ostentou o título de capital federal, sempre foi um polo irradiador de cultura. Historiadores e antropólogos são unânimes em apontar a Cidade Maravilhosa como a porta de entrada das tendências mundiais.
“Era o principal porto nacional. Natural que as novidades europeias chegassem primeiro por lá”, conta o professor de História da UFMG e doutor pela USP, João Pinto Furtado. Conforme o docente, fazer parte desse contexto era um desejo comum. “Alinhar-se ao Rio de Janeiro era sinônimo de sofisticação cultural e social”, acrescenta.
MÚSICA
Morando em BH há oito anos, o jornalista carioca e músico nas horas vagas, Jomar Nicácio, de 47 anos, acredita que a principal conexão entre Belo Horizonte e o Rio está na música. Segundo ele, as raízes do samba exercem influência em grupos locais. “O belo-horizontino incorporou esse gênero musical, acrescentando a ele, o famoso jeitinho mineiro”, comenta.
Se de um lado há os que vieram para cá, exemplos não faltam de quem se arriscou em busca do sonho de morar na capital fluminense. Apaixonado pelo Rio de Janeiro, o administrador Danilo Mendes Tavares, de 27 anos, começou a prestar concurso almejando uma vaga de trabalho na Cidade Maravilhosa. Não demorou muito e, em 2012, fez as malas rumo à Copacabana.
“Adoro BH, mas o Rio tem um charme especial. Além de linda, a cidade é extremamente acolhedora. Por aqui é possível conciliar trabalho e uma vida saudável em uma paisagem de encher os olhos. Por enquanto, não vejo horizontes para voltar, mas sempre que posso faço questão de visitar família e amigos”, brinca.  

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