Acaiaca quer abrir as portas para visitação

Ernesto Braga
eleal@hojeemdia.com.br
16/12/2016 às 20:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:07
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Do alto dos 120 metros, a bela vista do Parque Municipal e da Serra do Curral. Os 29 andares guardam muitas lembranças. Além dos estúdios da extinta TV Itacolomi, já abrigaram um dos mais tradicionais cinemas da capital. O prédio é cheio de curiosidades, como o abrigo antiaéreo e os elevadores que gastam apenas 20 segundos para chegar ao topo.

Construído na avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, o Edifício Acaiaca foi finalizado em 1947. A maioria das 486 unidades comerciais que formam o imóvel está fechada, reflexo da crise econômica. Diante desse quadro, os proprietários das salas se mobilizam para que o arranha-céu tenha nova destinação: a visitação turística.

“O Acaiaca é um ponto turístico em potencial, com muitos atrativos, além de ser uma fonte histórica”, destaca Antônio Rocha Miranda. Dono de salas no edifício, ele dá os primeiros passos para captar parceiros que viabilizem o projeto.

“Edifício Acaiaca – O colosso humano e concreto” será lançado amanhã, das 17 às 20h, no sexto andar

Miranda espera mobilizar o Patrimônio Cultural do município. A fachada do edifício foi tombada em 1994 e o hall de entrada um ano depois. Ele também espera o apoio da Prefeitura de BH e do Corpo de Bombeiros para que as portas do Acaiaca sejam abertas aos turistas.

Especialista em patrimônio, a arquiteta e urbanista Luciana Feres apoia a iniciativa. “Muito importante que ela esteja partindo dos proprietários das salas. O Acaiaca tem potencial, é um edifício de grande importância histórica. Do ponto de vista do patrimônio, é um marco referencial em BH. Essa tentativa de resgate do imóvel é super significativa”, afirma a associada ao Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e doutoranda da UFMG.

Carta aberta

Aos 79 anos, Antônio Miranda lança amanhã o livro “Edifício Acaiaca – O colosso humano e Concreto”. Ele se encantou com o edifício aos 7, quando acompanhou o pai em um passeio pelo Centro. Aos 17, trabalhou no Cine Acaiaca (fechado em março de 1998).

Mais tarde, comprou algumas salas pensando no complemento da aposentadoria. “Ao final do livro escrevo uma carta aberta em busca da união para viabilizar o projeto”.

Reforma do edifício avaliada em mais de R$ 1,5 milhão

O Edifício Acaiaca completa 70 anos em 2017. Antes de ser aberto à visitação turística, ele precisará ser revitalizado. “Requer uma limpeza da fachada e é preciso rebocar os fundos. É uma intervenção que não fica barata, acredito que mais de R$ 1,5 milhão”, avalia Antônio Rocha Miranda.

“O Acaiaca tem a influência Marajoara (índios na fachada) e representa um importante momento da urbanização de BH” (Luciana Feres, arquiteta e urbanista)

O investimento para revitalizar o imóvel projetado em estilo art décor pelo arquiteto Luiz Pinto Coelho também precisará ser angariado junto a parceiros. “Venho trabalhando há muito tempo para essa revitalização”, afirma o autor do livro “Edifício Acaiaca – O colosso humano e concreto”.

Segundo ele, além de empreendimentos particulares, no prédio funcionam órgão públicos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. “O Ministério Público Federal também funcionará no edifício”, diz.

Movimentação

Onde ficava o Cine Acaiaca foi aberta uma igreja evangélica, preservando os antigos assentos. De acordo com Miranda, cerca de 10 mil pessoas passam todos os dias pela edificação.

A primeira fábrica de tecidos e a primeira boate de Belo Horizonte também funcionaram no imóvel da avenida Afonso Pena.

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