Acompanhamento é fundamental no diagnóstico precoce de doenças

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
14/09/2015 às 08:47.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:44
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

Manter consultas e exames médicos em dia não é uma recomendação exclusiva para adultos. Crianças e adolescentes também precisam de cuidados frequentes com a saúde, principalmente, para prevenir doenças ou identificá-las no início, aumentando as chances de um tratamento eficaz.   Segundo especialistas, o controle deve ser feito mensalmente no primeiro ano de vida. A partir dos dois anos, as visitas ao médico passam a ter um intervalo maior, a cada três meses. Dos três aos cinco anos, as consultas tornam-se semestrais e, a partir do sexto ano, anuais.   “Mas a primeira coisa que devemos ter em mente é a importância de as crianças terem um pediatra, porque, hoje, isso está cada vez menos comum. Atualmente, elas são atendidas pelo médico que estiver de plantão no pronto-socorro. Isso é um problema, porque o pediatra conhece a criança e detecta alterações mais facilmente”, afirma o pediatra Cássio Ibiapina.   Check-up   De acordo com ele, durante os procedimentos de rotina, que consistem, basicamente, no exame clínico, são avaliados peso, medidas, temperatura, cor da pele, condições dos ouvidos, olhos e garganta.   “Exames complementares são solicitados de maneira individual, em pacientes cujas famílias têm predisposição para determinada doença, por exemplo. Mas isso varia de acordo com o exame clínico, é ele quem manda”, explica o especialista.   Sinal de alerta   A perícia do pediatra é fundamental, também, para identificar problemas mais sérios, como câncer. Neste mês, a campanha “Setembro Dourado” quer, justamente, chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce.   “Infelizmente, a maioria dos pacientes que atendemos já apresenta metástase da doença e acometimentos secundários. A minoria chega em estágio inicial, o que é lamentável, porque o câncer infantojuvenil tem chances de cura muito grandes, de até 70%”, diz a oncologista pediátrica do Hospital das Clínicas Karine Corrêa Fonseca.   Segundo a médica, uma das dificuldades é que, diferentemente dos adultos, não há exames preventivos para crianças como os que existem para homens diagnosticarem câncer de próstata e mulheres, de mama e colo do útero. Para os jovens, o que vale é a orientação e a atenção das pessoas mais próximas, como pais, professores e pediatras.   “A maior parte das crianças que chegam ao consultório já passou por vários outros médicos com queixa dos mesmos sintomas, mas sem um diagnóstico correto. Algumas mães chegam a pensar que estão sendo inconvenientes por reclamarem da mesma coisa e acabam demorando para nos procurar”, lamenta Karine.   Sinais persistentes indicam problemas mais sérios   Uma das maiores dificuldades para se chegar ao diagnóstico de câncer em crianças é a semelhança com os sintomas de outras doenças comuns na infância. Segundo Karine Fonseca, do Hospital das Clínicas, os tipos mais frequentes são leucemia, tumor no crânio e linfoma. Ela recomenda atenção especial à persistência de alguns sinais, mesmo após tratamentos habituais.   “O câncer infantojuvennil é raro, cerca de 3% de todos os cânceres diagnosticados no mundo, mas é a doença que mais mata no Brasil. Então, se começarem a aparecer manchas roxas pelo corpo, palidez, anemia não justificada, febre sem motivo e persistente, dor de cabeça, deve-se procurar o médico”, orienta a oncologista pediátrica.   Foi exatamente assim que, há cerca de dois anos, a artesã Rozena Daniela Araújo, de 31, recebeu o diagnóstico de leucemia mieloide aguda da filha Heleyn Vitória, de 9. A febre incessante da criança fez com que a mãe procurasse vários médicos até descobrir a origem do problema, hoje em fase de manutenção (tratamento mais brando). “Sempre levei a Heleyn para fazer exames e ver como ela estava, e nunca houve complicações. Aconteceu tudo muito rápido. Por isso, a preocupação que a gente deve ter com os filhos é assim mesmo”, aconselha.   Superação   Segundo Rozena, a clareza no diálogo com a filha e o otimismo em relação ao tratamento têm ajudado na recuperação. “Tivemos uma preocupação com o cabelo, que era comprido e ela adorava. Mas depois de ver uma personagem de cabelo vermelho, Heleyn adorou a ideia de usar perucas coloridas. Depois, expliquei para ela a doença e que, assim como todas as crianças no hospital estavam se tratando para ficarem boas, ela também ficaria”, relembra a mãe, que, duas vezes por mês, vem de Mariana, na região Central, para dar continuidade ao tratamento em BH.

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