Acordo garante transplante multivisceral e de intestino no Brasil

Sara Lira - Hoje em Dia
11/06/2015 às 06:27.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:25
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Ainda no segundo semestre de 2015, o Brasil deve começar a realizar os transplantes multivisceral e de intestino. As cirurgias serão possíveis por meio de um acordo fechado entre o país e a Argentina para a troca de experiências entre equipes médicas. É uma esperança para pessoas que precisam viajar para o exterior para fazer a operação. O custo total do tratamento pode ultrapassar US$ 1 milhão.


O procedimento já foi realizado no Brasil algumas poucas vezes, mas, segundo informações do Ministério da Saúde, as equipes não tinham a expertise necessária para continuar a fazer a operação, que é complexa.


A partir de agora, médicos dos hospitais das Clínicas e Albert Einstein, ambos em São Paulo, passarão por treinamento com equipes da Argentina para aprimorar conhecimentos na área. A ideia é que as unidades sejam referência no país para o procedimento.


Pacientes


Não há estimativas de quantas pessoas seriam beneficiadas pela parceria, mas, de acordo com o coordenador metropolitano do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, são casos raros em que a indicação é esse tipo de cirurgia. No entanto, são pacientes cuja a única forma de ter uma vida com menos interferências médicas é o transplante. “Normalmente, as doenças que demandam esse tipo de operação são graves”, explicou.


Esperanças


A funcionária pública Gecilene Oliveira, de 32 anos, luta diariamente com o filho Matheus Theodoro Oliveira, de 6, contra uma displasia neuronal intestinal, doença em que a musculatura do órgão não funciona adequadamente causando obstrução, má absorção dos alimentos e infecções.


Desde que nasceu, Matheus já passou por mais de dez cirurgias para tentar resolver o problema. Internado há nove meses no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, ele não pode voltar para casa porque, conforme Gecilene, o SUS não oferta a nutrição parenteral em casa e o convênio ainda não autorizou o procedimento. A única solução seria o transplante.


“Nunca perdi a esperança no meu filho e nunca pensei que ele fosse morrer. Não vejo a hora de ele operar. Estou olhando a possibilidade do transplante nos Estados Unidos. Acho importante que o procedimento comece a ser realizado no Brasil”, afirmou a mãe.


Bebê paulista operada nos EUA segue em recuperação


Um dos casos de transplante multivisceral com maior repercussão no país foi o de Sofia Gonçalves de Lacerda. Ela nasceu em dezembro de 2013 com síndrome de Berdon, doença rara que compromete o aparelho digestivo.


A família de Votorantim (SP) chegou a fazer campanhas pela internet e na região para arrecadar recursos. Depois de uma intensa briga judicial, a família conseguiu que o Sistema Único de Saúde (SUS) pagasse a cirurgia e o tratamento nos Estados Unidos. O custo foi de cerca de US$ 1,2 milhão (R$ 3,7 milhões).


A operação foi feita em abril deste ano e a menina se recupera no Jackson Memorial Hospital, em Miami (EUA).


Experiência


A escolha da Argentina para a parceria para tratamento dos médicos brasileiros se deve pelo país vizinho ter realizado mais de 40 cirurgias do tipo, sendo reconhecido pela capacidade técnica.


O texto firmado entre o Ministério da Saúde brasileiro e o governo argentino prevê diversas ações como a promoção de intercâmbio de informação técnica sobre projetos, programas e experiências nas diferentes áreas de saúde; desenvolvimento de programas de intervenção em saúde; organização de campanhas e de visitas de profissionais; realização de capacitação e habilitação, como oficinas, seminários e conferências e transferência de tecnologia para promover o abastecimento interno de medicamentos e insumos.


Além de transplante, os acordos poderão abranger várias outras áreas de interesse mútuo em saúde.


No caso do transplante multivisceral, o paciente recebe mais de um órgão ao mesmo tempo, como pâncreas, fígado, intestino, estômago e duodeno
 

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