Acusado de matar jornalista em Ipatinga é julgado

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
19/06/2015 às 09:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:33
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

Começou às 9h20 desta sexta-feira (19) o julgamento de Alessandro Neves Augusto, de 34 anos, o Pitote, acusado de matar o jornalista Rodrigo Neto, em 8 de março de 2013. Ele responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e poderá ser condenado a 30 anos de prisão.    O trabalho está sendo presidido pelo juiz Antônio Augusto Calaes. O advogado do réu, Rodrigo Márcio do Carmo Silva, trabalha com a negativa de autoria e promete apresentar aos jurados o verdadeiro assassino do jornalista.    "Vou apresentar o verdadeiro autor, coisa que o DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa), que eu respeito muito, não teve competência para fazer. Mas depois disso, vou precisar de proteção porque ele está solto e é de alta periculosidade", diz o advogado do réu.    A viúva Lourdes Beatriz de Oliveira, de 35 anos, não acredita nisso. "Espero justiça, a condenação desse rapaz. Que ele não saia impune daqui", diz ela. O júri e formado por quatro homens e três mulheres.    Depoimento   A única testemunha de acusação ouvida foi o delegado Emerson Morais, que chefiou as investigações na cidade. As demais, sendo sendo tres de acusação e três de defesa, foram dispensadas.   O policial informou que foram várias as linhas de investigação, algumas absurdas. Mas, ele garantiu não ter dúvida de que Pitote matou Rodrigo Neto e, logo depois, o fotógrafo Walgney de Carvalho. O delegado assegura que a morte do fotógrafo foi queima de arquivo.    Em depoimento, Morais disse Pitote era um homicida infiltrado na delegacia de Ipatinga. Emerson falou, ainda, que o assassinato do jornalista foi decidido "numa roda de cachaça" integrada por políticos e policiais. Diziam que Rodrigo Neto estava incomodando demais. E que o policial civil Lúcio Lírio Leal e Pitote, que estavam na roda, decidiram executar o jornalista por conta própria, só para ficarem bem com eles.   A motivação do crime, contudo, ainda está sendo investigada em inquérito complementar. A arma usada nas duas mortes foi a mesma, segundo o delegado. Pela morte do fotógrafo, Pitote enfrentará novo julgamento no dia 19 de agosto, em Coronel Fabriciano.   Réu   O réu começou a ser ouvido no fim da manhã. Em suas palavras, Pitote disse que não entende porque está sendo acusado.  "O doutor Emerson me disse que estava há muito tempo na cidade e precisava prender alguém. E eu seria indiciado porque era pobre e não tinha dinheiro pra pagar advogado". Ele falou ao magistrado, ainda, que o delegado Emerson plantou várias provas contra ele. No momento do crime, o réu alega que estava em casa.   Acusação e defesa   O promotor Francisco Ângelo de Assis, responsável pela acusação, reforçou em sua tese que Pitote era homicida a serviço de maus policiais nas delegacias de Ipatinga e Coronel Fabriciano. Segundo ele, o réu pode ter agido a serviço e para proteger esses policiais.    Para o promotor, na noite da morte de Rodrigo Neto, a antena de uma operadora captou três ligações de Pitote para o investigador Lúcio Lírio Leal. Ele estaria na região do crime. "As investigações condizem com a verdade".   Embora a motivação e mandante do crime não tenham sido definidos, para Assis não resta dúvidas de que Pitote agiu como integrante do grupo de extermínio que agia na região. Já o assistente de acusação, Délio Gandra, sustentou que Pitote é um grande contador de histórias. "Mais cedo ou mais tarde, o homem que usa duas faces, esquece qual é a sua", diz Gandra, referindo-se ao réu como um assassino frio.   O advogado Rodrigo Márcio do Carmo Silva, alegou que está defendendo Pitote sem cobrar honorários, aceitando o desafio "por não aguentar injustiças". Ele disse ainda que nunca viu tanta mentira em uma investigação e que o delegado Emerson Morais não poderia sair da cidade depois de sete meses de trabalho, sem pelo menos um culpado. "Afinal, não poderia perder as promoções que chegam por meio de resultados".   O advogado sustentou que o foco inicial era o fotógrafo Walgney de Carvalho, primeiro suspeito de ser o matador do jornalista. E depois da morte dele, precisava de outro culpado.   Condenação   O policial civil Lúcio Lírio Leal foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado pela participação no assassinato do jornalista Rodrigo Neto. A sentença foi proferida em agosto de 2014 pelo Tribunal do Júri de Ipatinga, no Vale do Aço.   Execução   O jornalista Rodrigo Neto foi executado a tiros quando estava em um bar do bairro Canaã, em Ipatinga, no Vale do Aço, em março de 2013. O repórter era especializado na cobertura de notícias policiais e durante sua carreira denunciou diversos crimes, inclusive envolvendo policiais militares e civis como autores.   Segundo a Polícia Militar, ele saía de um churrasquinho na avenida Selim José de Sales, quando dois homens chegaram em uma motocicleta escura e atiraram em sua direção. A vítima chegou a ser socorrida com vida, mas morreu a caminho do Hospital Márcio Cunha.    Um outro homem, que estava com o Rodrigo Neto quando ele foi alvejado, também foi atingido mas conseguiu escapar. O itinerário de fuga teria sido traçado pelo investigador, que passou pelo local, minutos antes, viu o jornalista e o companheiro e avisou o comparsa de sua presença e posição. A motivação do crime, ainda de acordo com o MP, foram denúncias feitas por Rodrigo em emissora de rádio, contra crimes que ficaram impunes no Vale do Aço.   Atualizada às 15h

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