Adolescente de 16 anos abandona escola para cuidar dos irmãos em BH

Carlos Calaes - Hoje em Dia
04/05/2013 às 07:36.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:23

Há pelo menos três meses, uma adolescente de 16 anos estaria responsável por todos os cuidados com os quatro irmãos, dentre eles um bebê de 9 meses. Os menores vivem em um barraco sem água ou energia à rua Maurício de Nassau, no bairro Glória, região Noroeste de Belo Horizonte.  A garota e as crianças, à míngua, dependeriam de favores de terceiros. A mãe estaria fora de casa há pelo menos uma semana, segundo vizinhos. Muitos ajudam a família como podem, dando comida e até “emprestando” o banheiro.    O drama, ignorado pelo Conselho Tutelar da Região Noroeste, deixa indignadas várias pessoas do bairro. Na tarde da última sexta-feira (3), uma mulher relatou ao jornalista Eduardo Costa, ao vivo, durante um programa na Rádio Itatiaia, a situação dos menores.    O Hoje em Dia esteve no endereço da família. Constatou que a adolescente S., de 16 anos, abandonou a escola e “assumiu”, além do caçula, três meninos de 2, 5 e 12 anos.   Após a chegada da equipe, S. ficou assustada, achando que os irmãos seriam recolhidos pelo Conselho Tutelar.   Por telefone, a mãe, Maria Cláudia Gonçalves, de 36 anos, que trabalha como diarista, afirmou que passa por dificuldades e negou ter abandonado a prole.    “Trabalho cuidando de uma idosa dia sim dia não. O pai dos meninos foi embora, deixou a casa sem água e luz e com um aluguel de R$ 250 para eu pagar”, disse. “Denunciar é fácil. Quero ver é alguém ficar no meu lugar”, desabafou.   Sem ajuda   Maria Cláudia teve oito filhos. Dois já são maiores de idade e uma garota vive com parentes. Segundo a mãe, que foi na última sexta-feira à casa, após o caso chegar à imprensa, uma conselheira tutelar esteve no endereço, mas nada teria resolvido.    “Ela só aparece quando alguém denuncia, mas nunca me ajudou”. A mulher pretende se mudar com as crianças.

Mudança de endereço e manutenção da guarda    Vizinhos da família afirmam que o barracão não tem condições de ser habitado. O Hoje em Dia constatou, no local, que o imóvel é precário e a única janela da fachada não tem vidro, apenas uma grade com uma tela improvisada.    Há somente um banheiro, um quarto e uma sala. No último cômodo, uma cama de solteiro divide espaço com o fogão.    A mãe das crianças, Maria Cláudia Gonçalves, confirmou a precariedade do imóvel. “Vou me mudar levando todo mundo”, disse, descartando que vá abrir mão da guarda dos filhos.   Silêncio   Nesta sexta-feira, o Hoje em Dia tentou, por várias vezes, contato com a responsável pelo Conselho Tutelar da Região Noroeste, Cleide dos Reis, sem sucesso.    Um estagiário que se identificou como Denis não soube informar o número do celular dela e disse que todos conselheiros “estavam ocupados para falar sobre o caso”. 

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